O prédio abandonado da escola Lauro Müller, no Centro de Florianópolis, vai ar por restauração para abrigar os quase 2,5 km de documentos do Arquivo Público do Estado de Santa Catarina. A unidade de ensino é uma instituição importante, com mais de 100 anos de vida e paredes desgastadas.

Segundo a historiadora e gerente do arquivo público, Juçara Nair Wolff, “ele [o arquivo] a por diversos momentos. Então, ele é pensado ainda no século 19, mas vai ser criado efetivamente em 1960 com o governo do Heriberto Hülse”.
Todas essas histórias do estado, impressas em papéis que vão se desgastando com o tempo, nunca tiveram de fato uma sede fixa e apropriada. Já mudaram sete vezes de lugar. A última foi agora em julho, quando o arquivo ou a ocupar um imóvel alugado no Kobrasol, em São José.
O processo foi longo e minucioso, justamente pelas condições de transporte e acomodação do acervo. Os documentos devem permanecer em São José até que a nova sede seja concluída e se torne casa permanente da memória de Santa Catarina.
“Daí, tu imagina uma massa documental frágil, documentos do século 18 e 19, tendo que ser empacotada e sendo levada para outros espaços”, explicou Juçara.
A ideia é que, com a revitalização do prédio onde a escola Lauro Müller funcionava, os quase 130 mil livros possam ser acomodados de forma correta e disponível para o o da sociedade catarinense. Processo, que pelas condições do prédio centenário, não vai ser fácil.
A construção, tombada como patrimônio histórico do Município, foi inaugurada em maio de 1912. Na época, o espaço abrigava cerca de 400 crianças, um número grande para o início do século 20. Cerca de 100 anos depois, a escola foi desativada e desde então o prédio está abandonado.
É possível perceber claramente os sinais da falta de conservação. Situação que, aliada à complexos do projeto, deve justificar a demora estimada para a conclusão do restauro. A inauguração do espaço para o arquivo está estimada em quatro anos.
Conforme a arquiteta Fernanda Menezes, “um projeto de restauro e de revitalização tem toda uma parte do projeto, que é mais longa porque tem que fazer toda uma investigação, análise de patologia, verificar como que se vai recompor os espaços, depois aprovação junto aos órgãos competentes e a execução da obra”.
Além da acomodação do arquivo público, o local vai também abrigar a estrutura da Fundação Escola de Governo e um espaço interativo para o o dos documentos. Toda a revitalização, no entanto, vai precisar se atentar à ibilidade necessária e ao tombamento da edificação, que impede mudanças na estrutura.
“Vai ser uma adequação, mas para ibilidade mesmo, a questão de banheiros. Então, a gente vai ter que fazer a adaptação na medida do possível. É uma obra tombada, a gente precisa atender as diretrizes em que ela foi concebida”, afirmou o engenheiro civil Jober Luiz Gonçalves Resenes.
A expectativa é que a licitação final e a escolha da empresa responsável sejam lançadas até outubro de 2023. A partir daí começam as obras de recuperação. Vai levar tempo, mas nada que as 6 milhões de páginas do arquivo público já não tenham experienciado. Uma demora necessária para conservar o que é referência para o ado, presente e futuro do Estado.
Confira mais informações na reportagem do Balanço Geral Florianópolis.