As principais tendências para os próximos anos na educação 4z5qi

- +
A educação do futuro estará intimamente ligada com a tecnologia, com o ensino híbrido, a personalização do ensino, a digitalização, os estudos “mão na massa” e os jogos digitais

Cada aluno tem uma necessidade diferente em relação à forma de aprender. A personalização do ensino será cada vez mais comum no futuro.

Esta é uma proposta pedagógica que trabalha o conteúdo considerando a necessidade e interesse do aluno. Com isso, propõe estratégias que contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem individual.

Futuro da educação estará ligado com tecnologias e ensinos “mão na massa” – Foto: Divulgação/NDFuturo da educação estará ligado com tecnologias e ensinos “mão na massa” – Foto: Divulgação/ND

Lúcia Dellagnelo comenta que, quando o professor usa uma plataforma adaptativa de aprendizagem, o próprio sistema seleciona conteúdos e exercícios de acordo com o nível do estudante.

“A tecnologia permite que o professor tenha dados em tempo real sobre o processo de aprendizagem de seus alunos e consiga diversificar atividades educativas mesmo em um grupo de 30 ou 40 estudantes”. 

O professor Helder Lima Gusso, do departamento de psicologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), diz que a personalização do ensino propõe que o professor olhe as competências e demandas do aluno para que ele só avance quando obtiver proficiência em determinado conteúdo.

“Não faz sentido um aluno que tirou 3 numa prova de matemática já aprender um novo conteúdo na aula seguinte da disciplina. É preciso ser proficiente em um nível para avançar para o próximo. Já temos tecnologia para isso, mas ainda não foi plenamente incorporada no contexto da educação”, argumenta.

Híbrido ganha força 4c1p5

O ensino híbrido ou blended learning não é bem uma novidade e era considerada uma tendência da educação já antes da pandemia. A metodologia combina o ensino presencial e propostas de ensino on-line – ou seja, integrando a educação à tecnologia, que já permeia tantos aspectos da vida do estudante.

Na vida cotidiana, os alunos alternam suas vivências entre virtual e real, por isso a importância de estender essa realidade para as experiências escolares, de modo a estimular o protagonismo no próprio processo de aprendizagem.

“Os modelos híbridos vieram para ficar. Talvez não na configuração que a pandemia trouxe, com o professor em sala de aula com parte dos alunos ali e parte remota, mas o mundo físico e o mundo virtual estarão muito mais conectados”, projeta Thiago Korb, gerente de educação básica e coordenador pedagógico e de qualidade educacional no Sesi Senai SC.

No entanto, a metodologia não se resume a apenas colocar computadores e novas tecnologias na frente dos alunos e continuar com uma aula expositiva.

“Temos que usar a tecnologia para inovar nas práticas pedagógicas para que auxiliem, de fato, os alunos a aprenderem. Cada um tem seu ritmo, sua maneira de aprendizagem. Então, quanto mais o professor conseguir diversificar a forma de ensinar, maior a chance de o aluno assimilar o conteúdo”, diz Lúcia Gomes Vieira Dellagnelo, diretora presidente do Cieb (Centro de Inovação para a Educação Brasileira).

Digitalização 3y3a1

Outra grande tendência da educação que a pelo uso da tecnologia é a chamada digitalização. Não apenas para uso nas práticas pedagógicas, mas na própria rotina escolar visando à interação entre pais, alunos e professores. As agendas físicas, por exemplo, estão com os dias contatos. No lugar, aplicativos e plataformas digitais que permitem a interação em tempo real. 

“Na educação infantil, por exemplo, a agenda digital é como uma rede social. Mas não se trata de transformar o que era em papel em digital. A família pode acompanhar o que a criança vivencia em sala de aula. Um trabalho, uma música, uma brincadeira”, esclarece Thiago Korb.

A partir do ensino médio, a tendência é dialogar com as redes sociais e pensar como podem ser trazidas ao universo pedagógico e ao contexto da sala de aula. 

“É nas redes sociais que o mundo acontece, sendo assim, os gestores escolares não podem estar desconectados. A proibição do celular em sala não faz mais sentido no século 21. O celular é uma ferramenta indispensável nesse cenário de digitalização e que precisa ser usada com sabedoria pelos professores para orientar o aprendizado”, afirma Korb.

Jogos auxiliam no aprendizado 3q6h

O estudo “Insights – Tecnologia Educacional: eventos emergentes e incertos até 2030”, do Observatório Nacional da Indústria, apontou o crescimento da robótica educacional, do ensino de programação e da gamificação como tendências para a educação nos próximos anos. 

Os jogos digitais já estão bem estabelecidos na sociedade. Segundo a Pesquisa Game Brasil 2018, 75% dos brasileiros são adeptos aos jogos eletrônicos, sendo que as plataformas mais usadas são: celulares (84%), console (46%) e computador (45%). Não só os games, mas a gamificação na educação se torna uma grande aposta do século 21 e uma aliada no processo de ensino-aprendizagem. O termo gamificação significa a aplicação de elementos de jogos em atividades de não jogos.

“Na educação, a gamificação trabalha com conteúdos e os transforma em forma de recompensas e conquistas, como um jogo de videogame. A cada conquista, o aluno avança na aprendizagem”, diz Lúcia Dellagnelo.

Ensino “mão na massa” 3u3830

A proposta maker, “faça você mesmo”, propôs nos últimos anos o resgate da aprendizagem mão na massa. O movimento vem crescendo e a consequência direta é que o processo de aprendizagem – e não o produto – a a ter destaque. 

O estudante do futuro a a assumir papel ativo na busca e na construção do conhecimento, enquanto professores e instrutores tendem a atuar mais como mediadores e facilitadores.

Estudos realizados por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, demostram que estudantes que vivenciaram a aprendizagem mão na massa tiveram um desempenho 30% mais alto do que colegas que seguiram o aprendizado de maneira convencional.

“A educação mão na massa transforma aquele ensino ivo, de transmissão de conteúdo. A partir de uma experimentação, o próprio aluno constrói uma hipótese, um conceito. Estimula o pensamento lógico, o senso crítico e a criatividade”, explica Lúcia Dellagnelo.

Incorporação de tecnologias  2c4b4b

A pandemia da Covid-19, que forçou a adoção do ensino remoto, trouxe um grande desafio a escolas e professores: como pensar o conhecimento e a aprendizagem sem comunicação física? As estratégias utilizadas durante a pandemia poderão potencializar o ensino mesmo com a retomada das aulas presenciais. 

“Podemos utilizar dentro de sala de aula todas as competências que os alunos desenvolveram com as ferramentas tecnológicas, uma vez que possuem uma possibilidade de criação muito grande. A escola precisará articular e pensar formas de qualificar o ensino presencial”, avalia a professora Martha Borges. 

Para Thiago Korb, a incorporação de uma série de tecnologias já está em curso e deve se fortalecer ainda mais.

Uma delas é a inteligência artificial que, segundo ele, pode ser aplicada para conhecer melhor o aluno e até no processo de avaliação.

“Temos uma plataforma na educação profissional em que o aluno responde a um questionário com base socioemocional. A partir disso, a plataforma entende as competências daquele aluno e o conecta com vagas de emprego que se encaixam no perfil. É como os aplicativos de relacionamento: o aluno dá ‘match’, mas com uma empresa”, explica. 

O gerente de educação básica e coordenador pedagógico e de qualidade educacional no Sesi Senai SC destaca que a incorporação de tecnologias, além de potencializar o ensino, pode solucionar problemas da sociedade, como o desemprego.

“Os alunos esperam ao final do curso técnico ou da graduação, uma oportunidade de emprego. As tecnologias podem ser aliadas nesse sentido”, conclui.