Elas estão em todo lugar. Ocupam todos os cargos e funções que, até pouco tempo atrás, eram atividades exclusivamente masculinas. Uma das áreas, por exemplo, é o trabalho no campo ou em propriedades rurais.
Visto como um trabalho pesado, muitas mulheres se encorajam para tirar o sustento da família da terra ou com produção de animais.

Em Santa Catarina, conforme o último censo agropecuário do IBGE de 2017, cerca de 501.811 pessoas trabalham com atividades agrícolas. Deste total, apenas um pouco mais de 170 mil são mulheres que atuam direta ou indiretamente com o trabalho no campo.
No Estado, a região com maior índice de mulheres trabalhadoras rurais é no Extremo Oeste. Contudo, em outras regiões, também existem mulheres trabalhadoras e produtoras rurais espalhadas por Santa Catarina, que além das rotinas pesadas do trabalho, ainda tomam conta dos filhos e do lar.
Um exemplo de coragem e empreendedorismo 71595b
A produtora e empreendedora rural Karlota Scotti de Souza, de 32 anos, é formada em turismo, mas preferiu não exercer a profissão.
Ela e sua família possuem duas propriedades no bairro Sertão do Ribeirão, na região Sul de Florianópolis. As terras estão na família de Karlota há mais de 200 anos.
O empreendimento Sítio Hortêncio, é divido em dois espaços: uma porção com sete hectares que possui uma estrutura para eventos, área de camping e acomoda inúmeros animas para produção de queijos e ovos.
Na outra parte da propriedade, com certa de 17 hectares, fica a trilha da colina com aproximadamente 800 m de extensão e também, o camping da colina, muito procurado por aventureiros da região. Nesse espaço, também é possível se hospedar na charmosa cabana da mata, que acomoda confortavelmente até nove pessoas.
Karlota relata que já trabalhou em outras atividades, foi atendente, recepcionista e até mesmo trabalhou em um pet shop, mas optou pelo trabalho no campo. Um dos maiores prazeres da vida dela, é a fartura de alimentos que a vida rural pode proporcionar.
Outro detalhe que alegra muito a produtora é o agradecimento e o carinho dos clientes. “São pessoas que são clientes inicialmente, e acabam virando amigos, quase como da família”, relata.
Atualmente, ela trabalha na propriedade e recebe a ajuda diária do pai, Devalde lino de Souza. Ele, com 71 anos, ainda encontra disposição para trabalhar e ajudar a filha.

Pioneirismo no turismo rural em Florianópolis 693b4s
Karlota destaca que no período em que morou em Chapecó, no Oeste do Estado, já tinha ideias e projetos para a propriedade da família. Foi então, que em 2017, as ideias saíram do papel e surgiu a primeira propriedade com turismo rural em Florianópolis.
Karlota não é só pioneira no turismo rural da região como também propôs uma ótima iniciativa para as crianças. Os pequenos podem acompanhar e ver de perto como se tira o leite da vaca. Essa iniciativa contribui muito para a nova geração valorizar os alimentos e, acima de tudo, quem os produz.

Além disso, os pequenos podem conviver na propriedade com outros animais como cabras, mais de 100 aves aquáticas e inúmeras galinhas. Karlota também possui gado de corte, porcos e coelhos espalhados nos dois espaços da propriedade, tornando o dia-a-dia ainda mais atarefado.
Principais desafios: “tentam se aproveitar por ser mulher” 1t4f3u
Um dos principais desafios apontados pela produtora é o preconceito por ser mulher. Karlota aponta que fornecedores tentam “ar a perna” nela pelo fato de ser mulher. “Eles tentam se aproveitar por ser mulher, tentam cobrar mais caro”, comenta.
A vida rural traz muitos desafios para quem tira o sustento dessa atividade. Os animais precisam ser alimentados, ordenhados e acompanhados com frequência, faça chuva ou faça sol é preciso estar sempre na atividade sem descanso.
Outro desafio que a produtora destacou é sobre as visitas que ocorrem no local. Karlota aponta que já perdeu cabras por serem alimentadas pelos visitantes inadequadamente e com alimentos que não fazem parte da alimentação regular destes animais.
A produtora enfatiza que também percebe muito preconceito no sentido da estética feminina. Segundo ela, a mulher no campo não pode ser tomada como exemplo de desleixo ou descuido com a beleza.
“A mulher no campo também pinta as unhas, faz cabelo e se arruma normalmente como uma moça da cidade”, comenta Karlota.