Entre as 500 empresas brasileiras com maior faturamento, os negros ocupam apenas 6,3% dos funcionários em cargos de gerência. O percentual diminui para 4,3% quando se avaliam as funções executivas.
Os números são de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Ethos, promotor de políticas de responsabilidade social.

Diante deste cenário de desigualdade, o pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e mestrando em psicologia na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Vitor Martins aceitou o desafio de trabalhar a inclusão racial e de gênero no Nubank.
A fintech — startup que atua no mercado financeiro — diz ter mais de 20 milhões de clientes em todos os municípios do país. Por ela são oferecidos serviços como conta digital, cartão de crédito e empréstimos.
No ano ado, o balanço divulgado pelo próprio Nubank, mostrou um aumento de 465% de novos clientes em relação a 2018.
Mesmo com o número positivo, o banco se viu envolvido em uma polêmica. Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, uma das fundadoras da instituição, Cristina Junqueira, disse que “não dá para nivelar por baixo” ao ser questionada sobre a dificuldade de contratação de negros no Nubank.
“Não adianta abrir vaga afirmativa e procurar uma pessoa branca” 1o3a72
Natural de São Luiz, no Maranhão, Vitor é morador de São José, na Grande Florianópolis, há 12 anos. Ele defende que as empresas reavaliem seus processos seletivos. “Não adianta abrir uma vaga afirmativa e buscar na pele preta características de uma pessoa branca”.
Em sua análise, é comum brancos tenham o a uma série de oportunidades que negros muitas vezes não têm.
“Se eu tenho um modelo de contratação pautado no homem branco, heterossexual, sem deficiência, todas as pessoas vão ser inferiores. Porque o que eu estou buscando é um homem branco, heterossexual sem deficiências”, completa.
Ao manter esse modelo, comenta Vitor, muitos recrutadores focam no mesmo grupo hegemônico e não consideram outras pessoas que fogem do padrão pré-estabelecido.
Especialista em diversidade 3v1w67
Em seu mestrado em psicologia, Vitor estuda estratégias de superação do racismo implementadas por empresas privadas no Brasil. Ele atuou em Santa Catarina desenvolvendo um plano de igualdade racial para uma grande companhia de marketing digital.
O convite para trabalhar no Nubank veio de um dos fundadores, David Vélez. Vitor atua há cerca de um mês como especialista em diversidade e inclusão. Ele trabalha diretamente com os grupos Nublack — de funcionários negros — e Nuprides, que inclui trabalhadores LGBTQIA+.
Seu papel é o de apoio aos grupos em estratégias organizacionais, em seus planejamentos e ações na empresa. Vitor faz ainda a ponte entre os funcionários e a diretoria executiva do Nubank.
“Nós precisamos estabelecer uma ponte de diálogo que permita com que a gente possa caminhar junto. Não vai adiantar o grupo de afinidade estar caminhando para um lado se a estratégia da organização está caminhando para outro”.