Desenvolver hábitos financeiros saudáveis é uma jornada essencial para quem está endividado e anseia por segurança e prosperidade econômica. A sabedoria financeira pode ser encapsulada na assertiva: “Uma forma eficaz de enriquecer é parar de empobrecer.” O conselho é claro. Antes de mirar na acumulação de riquezas, devemos cessar o acúmulo de dívidas, que funcionam como verdadeiros vazamentos no nosso patrimônio.

Quando se está sufocado por dívidas, a qualidade de vida sofre um declínio drástico. A tentação do consumismo frequente, nos leva a gastar mais do que temos, resultando em uma armadilha financeira difícil de escapar. As dívidas descontroladas são, muitas vezes, o resultado de gastos sem planejamento.
Ainda nesse cenário, sem uma gestão financeira adequada, emergem mais dívidas, limitando a capacidade de utilizar os recursos para proteção por meio de seguros, investimentos e até apoio à família.
O primeiro o para a mudança é tomar plena consciência do montante devedor. É comum acreditar que temos noção de nossas finanças, mas muitas vezes falta a precisão necessária.
A consciência financeira verdadeira é ter conhecimento completo e exato da situação, sem espaço para suposições. Este é um ponto fundamental: não se pode gerenciar o que não se mede com precisão.
Sabemos que tomar conhecimento exato da dívida não é uma tarefa fácil. Frequentemente, há uma resistência emocional, uma vez que encarar os números reais pode ser um choque.
Porém, só se pode planejar uma saída eficaz a partir da compreensão completa do problema. Este conhecimento, por mais desconfortável que seja, é libertador e necessário. É o peso dessa ‘mochila de dívidas’ que nos motiva a esvaziá-la.
Uma vez que a realidade das dívidas é aceita, é essencial diferenciar entre dívidas “boas” e “ruins”. Boas dívidas são aquelas que, a longo prazo, aumentam o patrimônio de maneira sustentável, enquanto dívidas ruins são as que corroem o patrimônio sem oferecer retorno.
Um exemplo de boa dívida é o investimento em um negócio que gera renda suficiente para pagar o financiamento e ainda lucrar. Por outro lado, um financiamento de um carro para eio, sem geração de receita, seria uma dívida ruim.
Essas dívidas podem ser divididas em três grupos:
- Reduzir: são as dívidas recorrentes mensais, como contas de serviços básicos e despesas bancárias. Não são inteiramente evitáveis, mas podem ser minimizadas por meio de gestão de consumo e revisão de tarifas e planos;
- Eliminar: dívidas com juros exorbitantes, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. A ação aqui é urgente e requer medidas como a reestruturação da dívida, onde se obtém crédito com juros menores para liquidar as dívidas com juros maiores;
- Despreocupar-se: são dívidas que apesar de impactarem o orçamento, são vistas como investimentos no futuro, como educação, cursos de qualificação e outras que agregam valor de longo prazo.
O ponto crucial é assumir o controle financeiro da própria vida, não esperando que as dívidas desapareçam por intervenção externa. É preciso agir. Só quem está no campo de ação, lidando com as consequências reais de suas decisões, tem a legitimidade para falar sobre as soluções.
A ação é a mais importante das três qualidades — conhecimento, ação e força de vontade — pois sem ela, o conhecimento fica estéril e a vontade, impotente. Agir significa reestruturar as dívidas, ajustar o orçamento, cortar despesas supérfluas, buscar fontes alternativas de renda e, acima de tudo, evitar novos endividamentos.
Além de agir para controlar e reduzir as dívidas existentes, é fundamental desenvolver um plano de médio e longo prazo para evitar novos ciclos de endividamento. Isso envolve a criação de um orçamento, um fundo de emergência, e o investimento em educação financeira.
O orçamento deve ser detalhado, categorizando as despesas e definindo limites para cada categoria. O fundo de emergência é uma reserva que evita que imprevistos levem ao endividamento. Já a educação financeira proporciona o conhecimento necessário para tomar decisões financeiras mais sábias no futuro.
No final, é uma questão de mudar o comportamento em relação ao dinheiro. Deve-se aprender a valorizar a liberdade econômica tanto quanto, ou até mais do que, os bens materiais que o dinheiro pode comprar.
Ao mudar a mentalidade e adotar hábitos financeiros saudáveis, é possível transformar a vida financeira, saindo do vermelho para um futuro onde a palavra “dívida” se torna apenas uma lembrança de um ado menos consciente.