Da caça desenfreada ao turismo sustentável: conheça a relação de Florianópolis com as baleias 5q75s

As baleias sempre tiveram uma relação próxima com a Capital. No ado, elas eram exploradas para a extração de óleo de baleia e hoje, protegidas, são um convite ao turismo de observação

Elas são imponentes, conquistam o carisma e instigam a curiosidade de muita gente. As baleias sempre tiveram uma relação muito próxima com Florianópolis. Também, com tanta água e biodiversidade marinha, seria difícil esses animais não se apaixonarem pelo mar da Ilha da Magia.

A baleia-franca-austral (Eubalaena australis) é a principal espécie que traz seu filhote para se desenvolver em nosso litoral – Foto: R3 Animal/Divulgação/NDA baleia-franca-austral (Eubalaena australis) é a principal espécie que traz seu filhote para se desenvolver em nosso litoral – Foto: R3 Animal/Divulgação/ND

Assim como em quase todo o litoral catarinense, as águas da Capital servem de verdadeiros berçários. É por aqui que todos os anos, de junho a novembro – com ápice em setembro –centenas de baleias criam seus filhotes. Elas saem das águas geladas da Antártica em busca de águas mais quentes, fartas e seguras para sua prole crescer e se fortalecer.

Da exploração à observação 85v4g

No ado, as baleias eram fonte do empreendedorismo e inovação, devido à exploração desenfreada do óleo extraído de sua gordura. Hoje, porém, com tanta consciência ambiental e com a caça proibida desde 1973, elas servem de convite ao turismo sustentável, atraindo anualmente os olhares de milhares de pessoas.

Segundo historiadores, a caça às baleias em Florianópolis começou a ser praticada em 1772. A prática movimentou muito o desenvolvimento da cidade, tanto é que hoje duas praias de Florianópolis tem em seu nome influencias da época: Armação, onde os animais eram capturados, e Matadeiro, local em que as baleias eram mortas.

Natural da Ilha, Aldo Correia de Souza aprendeu a pescar com o pai, aos sete anos de idade – Foto: Reprodução NDTV/RecordTV/NDNatural da Ilha, Aldo Correia de Souza aprendeu a pescar com o pai, aos sete anos de idade – Foto: Reprodução NDTV/RecordTV/ND

O pescador Aldo Correia de Souza, 83 anos, lembra bem daquele tempo. Ele conta que aprendeu o ofício com o pai, desde muito novo, na região do Campeche. Depois, foi se aventurar por outras partes do Sul da Ilha, local em que a captura da baleia era mais ativa na Capital.

“A gente caçava as baleias com um arpão. Ao ser atingida, a baleia cansava e morria. Depois disso, ela era rebocada pela baleieira – uma espécie de barco – até próximo da praia. Aqui amarrávamos ela pelo rabo, esperávamos a maré encher e arrastávamos a baleia até a areia, onde ela era cortada”, detalha o pescador.

Foram quase 200 anos de caça e as baleias quase desapareceram do litoral catarinense. Naquela época, os caçadores aproveitavam quase tudo do animal. O toucinho, as barbatanas, os dentes, o âmbar, a carne, a pele e os ossos.

Mas o que movimentava mesmo o desenvolvimento da cidade era a comercialização do óleo de baleia, usado principalmente como combustível para iluminação das casas e ruas, como lubrificante, e na fabricação de sabão e margarina. Os produtos eram vendidos na cidade, na região e muitas vezes acabavam sendo exportados para a Europa.

Aqui vem uma curiosidade bem legal: você sabia que o óleo da baleia também era usado em construções? O produto servia como uma espécie de liga. Há registros desse óleo nas fortalezas da Capital e até na Catedral Metropolitana de Florianópolis.

Forte de Santana, na cabeceira insular da ponte Hercílio Luz, levou óleo de baleia em sua construção – Foto: Anderson Coelho/Arquivo/NDForte de Santana, na cabeceira insular da ponte Hercílio Luz, levou óleo de baleia em sua construção – Foto: Anderson Coelho/Arquivo/ND

Aldo Correia de Souza explica como era esse processo. “Naquela época não existia cimento. Então, a gente misturava cal de concha – a casca do berbigão queimada – barro, óleo de baleia e areia. Tudo era amassado com os pés. Depois o pessoal juntava esta liga aos tijolos as estruturas eram erguidas”, conta o pescador.

A virada de chave econômica da exploração das baleias veio com a proibição da caça. Protegidos, aos poucos os gigantes dos mares começaram voltar a habitar nosso litoral trazendo encantos e riquezas, agora ao turismo.

A equipe da NDTV RecordTV foi ao Sul da Ilha e à região central de Florianópolis para contar essa história.

Acompanhe a reportagem: 4j6f5i

Curiosidades sobre a caça às baleias 2m2o5v

  • A maioria das baleias que frequentam nosso litoral é da espécie baleia-franca;
  • Geralmente essas baleias são pretas ou cinzas e podem possuir manchas brancas. Um tipo raro, mas que já ou por aqui também, são as albinas;
  • Uma baleia fêmea adulta pode pesar 60 toneladas e medir até 16 metros;
  • A palavra armação se refere às armações baleeiras, que eram uma espécie de casas em que os pescadores guardavam as ferramentas para a caça às baleias. Os locais também serviam de armazéns para os produtos das baleias e o engenho de frigir, onde a gordura das baleias era trabalhada;
  • Matadeiro, como o nome mesmo sugere, eram os locais em que as baleias eram mortas;
  • Os caçadores capturavam as baleias de várias formas. Nem os filhotes eram poupados. Eles eram mortos muitas vezes com dinamite e arpões. As mães vinham atrás da prole e encalhavam na beira da praia e ali também eram executadas.

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O projeto Floripa 350 é uma iniciativa do Grupo ND em comemoração ao aniversário de 350 anos de Florianópolis. Ao longo de dez meses, reportagens especiais sobre a cultura, o desenvolvimento e personalidades da cidade serão publicadas e exibidas no jornal ND, no portal ND+ e na NDTV RecordTV.

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