
Criciúma é reconhecida histórica e culturalmente como a Capital do Carvão. Mas a mineração ficou no ado e outra cidade do Sul de Santa Catarina virou o novo centro da atividade carbonífera pela relevância na quantidade de carvão mineral extraída e na importância disso para a geração de energia.
Estamos falando de Treviso. Situada a 25 quilômetros de distância de Criciúma, a cidade tem população estimada em 3.895 habitantes, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). São duas mineradoras que empregam cerca de 800 pessoas e geram um movimento econômico que representa cerca de 70% da arrecadação do município.
Uma das mineradoras, a Indústria Carbonífera Rio Deserto, comunicou nessa quarta-feira (28) o fechamento nos próximos meses da mina Cruz de Malta, responsável por 150 empregos diretos. Ainda não há números sobre o impacto do encerramento das atividades, mas Astrid Barato, presidente do Siecesc (Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina), explica a importância da atividade carbonífera no município.
“A cadeia produtiva como um todo conta com cerca de 15 municípios. Treviso pega três minas: a Fontanella e a Esperança, da Carbonífera Metropolitana, e a Cruz de Malta, da Carbonífera Rio Deserto. Essas duas empresas têm mais ou menos cerca de 26% da produção no Sul de Santa Catarina. Então, elas são bem expressivas”, argumenta.
Cidade do carvão em Santa Catarina: Treviso é fundamental para a geração de energia 4x6g2p
Apesar de pequena, a cidade possui extrema importância na geração de energia elétrica. O motivo: são cerca de 650 mil toneladas de carvão mineral extraídas por ano e a maior parte disso alimenta o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda em Capivari de Baixo, na região da Amurel (Associação de Municípios da Região de Laguna).

“Essa fatia é muito importante. É muito significativa. Então, com esse olhar, é uma nova capital do carvão. Geralmente o nosso contrato prevê entregar 2 milhões e 400 mil toneladas ao ano para a Jorge Lacerda. Dessas, 650 mil são entregues pela cidade de Treviso, por meio dessas duas carboníferas. Então, tem uma representação muito grande”, justifica.
Cidade sustentada pela indústria carbonífera 583r21
O presidente da ABCM (Associação Brasileira de Carvão Mineral), o engenheiro de minas Fernando Luiz Zancan, concorda com Astrid. Embora Criciúma ainda seja o grande centro econômico da região Sul e historicamente importante para o setor carbonífero, Treviso é quem assumiu o protagonismo quando o assunto é extração.
O trabalho pela mineração na cidade é fundamental para a arrecadação da Prefeitura e consolida o setor como a atividade econômica mais importante da cidade. Estima-se que a geração de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é de quase R$ 8 milhões por ano.

“É a cidade mais importante. Hoje, quando a gente fala de carvão, a primeira cidade que aponta no mapa é Treviso”, reflete Zancan. “É uma atividade ainda muito forte no nosso município, responsável pelo movimento econômico. Hoje, a Capital do Carvão não é mais que Criciúma. É a cidade de Treviso”, complementa o prefeito Luciano Miotelli (MDB).
Astrid Barato, do Siecesc, explica que as mineradoras têm realizado obras de recuperação ambiental. Isto tem contribuído para a redução da carga de acidez do Rio Mãe Luzia. “Cerca de 65% das áreas daquela bacia, com rejeitos e estéreis, já foram cobertos desde 2019. Então, tem um trabalho ambiental bacana sendo feito ali”.
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Segundo o IBGE, Treviso possui uma área territorial de 156,610 m² . O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) é de 0,774, próximo ao índice de Santa Catarina, que é o terceiro maior do Brasil.
O PIB (Produto Interno Bruto) per capita (divisão do PIB do município pelo número de habitantes) é de R$ 58 mil. O salário médio mensal dos trabalhadores formais, conforme dados de 2022, é de 3,6 salários mínimos.