As solitárias e provocativas figuras retratadas pelo artista plástico Rodrigo Cunha, ganham abordagens mais leves e nostálgicas e fazem agora uma analogia do tempo em que havia mais tempo. A nova fase, de imagens menos desproporcionais e mais apuradas tecnicamente, também revela a recente etapa da vida do artista, focada na busca de lugares de paz e na valorização da simplicidade.
Uma pequena amostra das novas criações do catarinense, considerado uma das grandes referências da pintura figurativa do século XX, volta ao Sul do país. Depois de ficar em evidência no eixo artístico Rio-São Paulo, Rodrigo Cunha vai expor na galeria Tina Zappoli, em Porto Alegre, ao lado de outras duas artistas catarinenses Juliana Hoffman e Dirce Körbs. Na exposição “Novo Horizonte”, que mescla fotografia, pintura e escultura contemporânea, o trio catarinense faz um intercâmbio com outros 12 artistas brasileiros.
Para representá-lo, escolheu a tela “Interior com telefone de parede”, uma cena noturna na qual a figura humana vem de encontro ao expectador, um telefone de design antigo dá ares nostálgicos ao quadro. “Nesse trabalho resgato essa coisa mais pura, remetendo a uma época em que existia mais tempo para pequenas coisas. Essa discussão do momento, de ser feliz com coisas mais simples e valorizar o que se tem”, descreve.
Embora a mensagem seja nova e os personagens pareçam mais sóbrios e vestidos do que em outras pinturas, as características que o consagraram na arte contemporânea, são preservadas. Os nus, comuns em trabalhos anteriores, voltam em um contexto idílico, quase puritano, dentro de quadros. “A questão principal, que é a contextualização da figura humana sem repetir o que já foi feito continua. Meu trabalho é ligado com a identidade que se perdeu no tempo e busca se situar no mundo enquanto indivíduo”, argumenta.
Sem se considerar domesticado, mas abandonado a linha mais contestadora, Rodrigo analisa a busca por outros valores como parte de sua evolução com artista, que pretende se manter ativo no mercado das artes. “Essa linha da figura humana vai bem quando se tem um maior apuro técnico. No começo eu seguia uma linha mais subversiva, mas é preciso agregar valor pictórico, de composição e atributos estéticos”, avalia.
Por conta do tempo que leva concluir as obras, e por acreditar que elas ficam mais bem colocadas em outras paredes que não as da sua casa, em São José, Rodrigo não tem acervo artístico. Esse também é, segundo ele, o motivo que o faz estar mais presente em feiras e mostras coletivas do que realizando trabalhos individuais. Sua última exposição na Capital foi em 2008 na Fundação Cultural Badesc. Em São Paulo, cidade com a qual matem relações estreitas de trabalho, suas obras podem ser encontradas na conceituada Galeria Zipper.
Serviço
O quê: Catarinenses na exposição “Um novo horizonte”
Quando: De 27 de setembro a 04 de dezembro. Visitação de segunda a sexta, das 10h30 às 12h e das 14h às 19h, sábados das 10h às 13h
Onde: Galeria Tina Zappoli, rua Coronel Paulino Teixeira 35 – Rio Branco
Porto Alegre- RS, tel. (51) 3086-3725
Quanto: Gratuito