Um diário visual da Ponte Hercílio Luz no Museu Histórico 92432

Artista Mário César Coelho criou 35 obras de arte durante 30 dias, apresentando uma abordagem diferenciada do monumento histórico

Composição de patrimônios: a ponte e o casario do antigo cais da Rita Maria - Divulgação
Composição de patrimônios: a ponte e o casario do antigo cais da Rita Maria – Divulgação

Personagem de cartões postais, filmes, peças publicitárias, fotografias e inúmeras obras de arte, a Ponte Hercílio Luz é uma referência cultural e histórica indispensável do cotidiano dos florianopolitanos e dos catarinenses desde sua inauguração, em 13 de maio de 1926. Símbolo mais conhecido de Santa Catarina no mundo inteiro, a ponte serviu de inspiração recente para um artista contemporâneo, Mário César Coelho, conhecido como MC Coelho. Ele realizou um trabalho diferenciado, bem distante de uma visão acadêmica ou realista. MC viveu e interpretou a ponte durante 30 dias, no mês de setembro de 2017, compondo 35 desenhos com lápis de cor aquarelável sobre papel preto. Por isso o título da exposição, em cartaz no Museu Histórico de Santa Catarina até 3 de fevereiro de 2019, é “Paisagem agem: uma ponte em 30 dias”.

MC Coelho, nascido na Capital, explica que fez essa imersão in loco, consumindo de uma a três horas diárias para cada desenho, ou seja, ele acompanhou muito de perto a rotina dos trabalhos de restauração do monumento, que envolvem centenas de operários e técnicos. Seus recortes artísticos compõem um visual surpreendente e inédito, na maneira como concebeu e executou o projeto.

Hibridismo: os elementos arquitetônicos originais interligados aos elementos provisórios da reforma - Divulgação
Hibridismo: os elementos arquitetônicos originais interligados aos elementos provisórios da reforma – Divulgação
Detalhe de uma das barras de olhal: a sustentação da agem Ilha-Continente - Divulgação
Detalhe de uma das barras de olhal: a sustentação da agem Ilha-Continente – Divulgação

Movimento constante

A proposta da exposição é compartilhar as obras de forma que possam propiciar uma experiência estética por meio da visão do conjunto desse diário visual. As aquarelas estão dispostas na sequência em que foram desenhadas durante os 30 dias.

A cronologia representa a forma como o artista assimilou a paisagem no decorrer do trabalho. Na primeira quinzena, os desenhos foram realizados a partir das cabeceiras insular e continental. Na segunda quinzena, parte dos desenhos foi feita dentro da ponte, junto às atividades dos operários. “O fato de permanecer algumas horas num único lugar, observando e desenhando, acaba propiciando uma interação com as pessoas que estão de agem”, observa MC Coelho.

Por essa razão, os desenhos destacam o movimento constante dos trabalhadores nas agens da estrutura, sob os andaimes e torres, subindo e descendo dos guindastes.

A presença humana não é um mero detalhe, porque representa a grandeza transformadora da força do trabalho. O hibridismo arquitetônico do estágio da reforma é outra característica que marca grande parte da obra de MC Coelho: os velhos elementos misturam-se aos novos e à estrutura de sustentação, aos guindastes, às treliças. Os ventos, o movimento e as cores do mar, um pássaro casual, os pescadores, os operários, tudo se entrelaça, se revela e contribui para as percepções eternizadas nos desenhos. Há ainda fragmentos do patrimônio do entorno, como o casario histórico do velho cais da Rita Maria e o pátio do Forte de Santana do Estreito com seus canhões.

A mostra tem o apoio da Universidade Federal de Santa Catarina e é uma realização do Museu Histórico, da Fundação Catarinense de Cultura e do governo do Estado. Trata-se da última exposição do Edital de Exposições do MHSC referente a 2018. 

MC Coelho no salão de exposições do MHSC: mostra fica até 3 de fevereiro - Dvulgação
MC Coelho no salão de exposições do MHSC: mostra fica até 3 de fevereiro – Dvulgação


O atelier é a rua

Mário César Coelho (MC Coelho) é arquiteto e professor do Departamento de Expressão Gráfica do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC (EGR/CCE/UFSC). Ele se dedica artisticamente a desenhar e pintar pela cidade – “o atelier é a rua”, diz – observando pessoas, animais, construções, o cotidiano e as belas paisagens da Ilha de Santa Catarina e do mundo. Desenha desde criança. No curso de Edificações na Etefesc (atual IFSC), despertou para o desenho de projetos e perspectivas, ingressando em 1978 no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, tomando então o gosto pela pintura de aquarela.

Da conexão entre o arquiteto e o artista surgiu o interesse pela História da Arte. Pela UFSC também fez seu mestrado, em História Cultural, com a dissertação “Moderna Ponte Velha: Imagem e memória da Ponte Hercílio Luz” (1997). O doutorado foi ‘sanduíche’ com UFSC e EHESS/Paris, com a tese “Os Panoramas Perdidos de Victor Meirelles (2006)”.

Atualmente, pesquisa histórias em quadrinhos e a relação entre desenho, espacialidade e arquitetura.

Além da exposição no MHSC está com outras duas mostras em cartaz: “Cores, Traços, Rastros – Desenhos e Aquarelas”, no Museu Hassis, e “Construções Deterioradas: Ruínas de Florianópolis”, no espaço expositivo da Fortaleza de Anhatomirim.

Andaimes nas bases e os operários em atividade: a força transformadora do trabalho - Divulgação
Andaimes nas bases e os operários em atividade: a força transformadora do trabalho – Divulgação

SERVIÇO

O QUÊ

Exposição de desenhos “Paisagem agem- Uma Ponte em 30 Dias”

QUEM

Artista plástico Mário César Coelho (MC Coelho)

ONDE

Museu Histórico de Santa Catarina (Palácio Cruz e Sousa)

QUANDO

Até 3 de fevereiro de 2019

VISITAÇÃO

Terça a sexta-feira, das 10h às 18h

Sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h

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