Nada mais justo! Mais uma homenagem que pode ser considerada uma retratação a um dos principais representantes do simbolismo no Brasil. Nascido em nossa terra, Santa Catarina, filho de um pedreiro e de uma lavadeira, o homem que entrou para a história ou anos sendo reconhecido mais fora do Brasil do que dentro ou no próprio Estado.

Hoje, além do museu histórico, que tem como nome Palácio Cruz e Sousa, e da obra do artista Rodrigo Rizo, que pintou um mural de 900 metros no paredão do edifício João Moritz denominado Cisne Negro, ao lado do Jardim do Museu, agora, o centro de Florianópolis ganha mais esta reverência.
Nesta sexta-feira (30), às 10h, a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) abre um novo espaço cultural: a Casa da Literatura Catarinense Poeta Cruz e Sousa, em Florianópolis.
O local cumprirá tripla função: será um espaço para lançamentos de livros e sessões de autógrafos, terá obras de escritores catarinenses à disposição para leitura no próprio ambiente e contará a história do maior poeta da nossa história.
Funcionará de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h. O endereço é Praça XV de Novembro, esquina com a Rua Victor Meirelles, no Centro de Florianópolis. Ganhamos muito. Agora temos três espaços culturais que cercam a Praça XV.
Sobre Cruz e Sousa 4j3d3p
Já com potencial desde os oito anos, quando começou a declamar seus poemas, o jovem cursou entre 1871 e 1875, de acordo com pesquisadores, o Ateneu Provincial Catarinense, estabelecimento educacional de elite.
Teve como professor de ciências naturais o naturalista alemão Fritz Müller, amigo e colaborador de Darwin. Durante o aprendizado, já destacou-se em matemática e línguas estrangeiras, como francês, inglês, latim e grego.

Nosso poeta também foi leitor voraz de escritores como Baudelaire, Leopardi, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, entre outros autores europeus que lhe eram contemporâneos. Uma experiência que lhe deu uma enorme bagagem cultural, porém, não o privou de ser vítima de racismo, em um contexto altamente escravista.
Foi secretário da Companhia Dramática Julieta dos Santos na Bahia. Fundou, com Virgílio Várzea e Santos Losada, em Santa Catarina, o jornal semanal Colombo, periódico literário de cunho parnasiano.
Participou também do grupo Ideia Nova, e, em 1885, publicou, com Virgílio Várzea, o livro “Tropos e Fantasias”, obra em que se encontram textos abolicionistas. Dirigiu o jornal ilustrado “O Moleque”, fortemente discriminado pelos círculos sociais locais devido ao seu viés crítico. Colaborou no jornal republicano e abolicionista Tribuna Popular, considerado o mais ilustre jornal catarinense do período.
A dura realidade 552o18
Mesmo assim, a família sofreu vários problemas financeiros em razão dos baixos salários recebidos nos postos “modestos” que ele assumiu. Dessa forma, se afirma a grande importância de termos este polo cultural no centro da cidade.
Ironia ou não, a nova casa de literatura com o nome deste ícone nasce com a benção da Catedral, a memória da centenária Velha Figueira protegida pelo busto do próprio poeta e com o axé da Casa de Câmara e Cadeia, que trancafiou durante muitos anos conforme a tradição portuguesa no andar térreo infratores da lei, escravos, rebeldes e tachados de “loucos”.
No piso superior, o Paço da Câmara e do Senado. Resgate? Utopia? Ou reconhecimento a altura de quem levou Desterro para o mundo? Não importa. Os espaços existem. Salve Cruz e Sousa!!!