Bastam alguns minutos andando por Florianópolis, indo em uma das dezenas de nossas praias, parques ou até mesmo assistindo ao pôr do sol, ou nascer da Lua, para você entender o porquê desta terra ser chamada de Ilha da Magia. Neste caso, nem falaremos especificamente das lendas que também encantam e fazem parte da história da Capital, mas das belezas naturais que envolvem nossa gente. Foram estes encantos que inspiraram um dos mais importantes artistas de Floripa, Franklin Cascaes.

Ícone literário, com grande expressão também nas áreas de pesquisa, sobre tudo da cultura açoriana, o manezinho, nascido na Praia do Itaguaçu, em 1908, adorava retratar o cotidiano da cidade.
Em muitos dos seus artigos e contos, tinha o Sol e a Lua como destaque. É o que conta o coordenador do Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC (Universidade Federal de Santa Catariana), o historiador Francisco do Vale Pereira.

“O Sol e a Lua, mais precisamente o satélite natural da Terra, sempre foi uma grande inspiração para Franklin Cascaes. Isto porque os ciclos destes astros estão relacionados aos costumes dos povos que ele retratava, seja para acompanhar a safra da tainha, o plantio e cultivo de um produto, o peixe estalado — que tem que ser colocado no sol e no sereno — e também das lendas. Quem nunca ouviu falar das bruxas da Ilha. Sempre havia uma lua nestas histórias”, destaca Pereira.
Francisco chegou a conhecer e conviver com Franklin Cascaes, mas foi ao lado do amigo Gelci José Coelho, o Peninha, que teve muito mais o aos trabalhos de Cascaes. “Peninha — que faleceu em 16 de março de 2023 — foi um grande entusiasta das obras de Cascaes. Eles eram bem amigos, trabalhavam juntos nas pesquisas. Podemos, sem dúvida, dizer que Peninha foi um grande discípulo de Franklin Cascaes”, conta o coordenador do Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal.
Valorização só veio após a morte de Cascaes 2k6o3g
O coordenador do Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC, Francisco do Vale Pereira, enfatiza que poucas obras de Franklin Cascaes foram publicadas em vida.
“Na época ele não era muito popular na cidade. Toda essa notoriedade que Franklin Cascaes tem hoje, e a importância dele na literatura de Florianópolis, surgiu depois de sua morte, em 1983, quando outros pesquisadores e escritores começaram a reunir os trabalhos do Franklin Cascaes. Mais uma vez, reforço a importância do Peninha neste sentido”, frisa Francisco do Vale Pereira.
Além da literatura, Franklin Cascaes também se destacou por atuar em universidades. Foi professor de desenho e artes na Escola Técnica Federal, atualmente, IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) e atuou na UFSC, no Museu Universitário.
“Lá, criou a ideia de montar o Presépio de Natal da Praça 15 de Novembro — tradição seguida até os dias de hoje — usando produtos da natureza como a piteira, o catuto, a barba de velho a cabaça entre outros”, explica Francisco Pereira.

O estudioso da UFSC finaliza dizendo que Franklin Cascaes foi “essencial por retratar em sua literatura o cotidiano da Capital”.
“Franklin ia até as comunidades mais distantes da Ilha de Santa Catarina como Pântano do Sul, Ribeirão da Ilha, Ratones, Muquém, Rio Vermelho, Costa da Lagoa entre outros para buscar e registrar as tradições, heranças, crendices e estórias daqueles que faziam a cidade naquele tempo”.
“Ele foi um grande registrador que materializou tudo isso”, completa Francisco do Vale.
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O projeto Floripa 350 é uma iniciativa do Grupo ND em comemoração ao aniversário de 350 anos de Florianópolis. Ao longo de dez meses, reportagens especiais sobre a cultura, o desenvolvimento e personalidades da cidade serão publicadas e exibidas no jornal ND, no portal ND+ e na NDTV RecordTV.