Há quem acredite que o “carnaval” de Blumenau, no Vale do Itajaí, seja comemorado somente nas festas de outubro. Porém, moradores do bairro Salto do Norte mantêm firme a tradição dos desfiles de rua há 17 anos no mês de fevereiro.
A Escola de Samba Mocidade Unidos do bairro Salto do Norte é a única agremiação em atividade na cidade de Blumenau. Ela foi criada em um encontro entre amigos, no bar do Buiu, em 2006.
Um de seus idealizadores, o carnavalesco Amaro de França, conhecido popularmente como Jhimmy Mocidade, não imaginava na época que sua criação seria abraçada pela comunidade local, seguindo firme com sua apresentação para o Carnaval de 2023.
“Eu queria agradecer a todos. Os diretores que participam aqui, que estão sempre com a gente, sempre ‘agarrados’. Porque isso aqui é cultura e eles sabem disso! O Biuzinho, o Miro, a Dete, a dona Verônica que está acamada, mas que graças a Deus está em casa. Ao Pescador, o Pedro, o Doli e o diretor de bateria Jorge Mineirinho”, agradeceu o fundador da agremiação, em entrevista à NDTV.
A escola de samba possui como mascote a boneca de pano Negra Teresa. As cores da agremiação são o verde, o branco e o azul. O que era para ser uma aposta no carnaval de rua para um ano, acabou se eternizando e já faz parte da tradição blumenauense.
Celebrações de carnaval possuem mais de 130 anos em Blumenau 121f1n
A Mocidade Unidos do Salto do Norte não é o primeiro grupo a celebrar a festividade essencialmente brasileira no Vale do Itajaí. Em tempos de outrora, Blumenau vivia a celebração da data em clubes e sociedades.
A informação foi confirmada pela historiadora Sueli Petry, em entrevista à NDTV. A pesquisadora afirma que a comemoração do carnaval foi trazida pelos imigrantes alemães, no final do século XIX.
“Na documentação, nós vamos encontrar já em 1885 um chamamento para os associados e também ao público em geral para participar inicialmente do carnaval das crianças e à noite, no Schützenverein (Sociedade de Atiradores) Blumenau, que hoje nós conhecemos como Tabajara Tênis Clube”, afirma.
Sueli também lembra que o primeiro carnaval de Blumenau era um evento privado, com cobrança de entrada. Para participar dele, havia algumas regras curiosas.
Entre elas, era proibido dançar sozinho e não se podia pular. Quem era casado ou comprometido deveria vir acompanhado de um parente, entre outros requisitos. “Deveria ser um carnaval comportado”, pontua a historiadora.
Houve até a formação de blocos de desfiles pela rua XV de Novembro nas décadas seguintes. Essa mobilização, conforme a historiadora, chegou ao fim no período do Estado Novo, em 1938.
Na época, durante a Segunda Guerra Mundial, pelo fato de o Brasil ter posicionamento contrário ao governo alemão, houve uma campanha de nacionalização do ensino e da cultura, que reprimiu diversas manifestações culturais do Vale do Itajaí, inclusive o carnaval.
Nos dias atuais i3m6u
Desde então, conforme Sueli Petry, não houve mais a retomada dos desfiles carnavalescos no centro de Blumenau. Porém, mesmo de forma modesta, a Escola de Samba Mocidade Unidos do Salto do Norte homenageia a festividade brasileira.
Neste ano, os membros da escola de samba pretendem trazer centenas de foliões para cantar o samba enredo. Neste ano, o tema trazido para o carnaval de rua é o Sítio do Picapau Amarelo, um clássico de Monteiro Lobato.
Os carros alegóricos já estão sendo preparados para o desfile de carnaval. Neste domingo (19), o desfile irá tomar conta das ruas prof. Max Humpl e Johann Sachse, no Salto do Norte, entre às 15h30 e às 19h30.
Ainda segundo a presidente da agremiação, Andréia Dallabrida, o grupo irá desfilar com cerca de 35 pessoas. Entre eles, o mestre sala, porta bandeiras, rainha da bateria e demais integrantes.