Aos 168 anos, a Biblioteca Pública de Santa Catarina é considerada a instituição cultural mais antiga do Estado e também do Brasil. Fundada em 1854, ela chega a este aniversário cheia de força e novidades.

Segundo a a da biblioteca, Cleonisse Schmitt, “se fecha um ciclo de conquistas para o nosso setor Santa Catarina, onde fizemos a guarda da memória dos catarinenses. Estamos com estantes novas, modernas, que podem agora acondicionar no nosso acervo as coleções dos jornais e também o nosso depósito legal de forma adequada”.
A missão da biblioteca é manter, conservar e disponibilizar parte da memória cultural do Estado de forma ível à população catarinense, além de promover o hábito da leitura. Para isso, estão disponíveis coleções para todos os públicos.
“A gente procura sempre nos aperfeiçoar, fazer parcerias para conseguir atender todos os públicos. É importante não deixarmos ninguém para trás”, afirmou Cleonisse.
A massoterapeuta Leoni Artmann pegou o gosto pela leitura na biblioteca pública. Ela teve uma doença quando pequena que causou a perda de praticamente toda a sua visão. Hoje, só tem percepção de luz em um dos olhos, mas encontrou na coleção ível uma forma de ver o mundo de uma outra forma.
“Eu gosto de pegar o livro para ler em casa. Eu não sou muito fã de ler o livro no scanner, mas acho interessante esse método porque tem livros que não tem em braile. Então, é uma forma de estar inserindo a sociedade na questão de formação”, contou Leoni.
O acervo da biblioteca conta com mais de 115 mil itens. São obras de referência nacional, catarinense e até internacional, além de livros em braile e obras raras. O local também armazena e conserva mais de 1.900 exemplares de jornais catarinenses.
O jornalista João Batista Soares é um apaixonado por pesquisa. Conhece cada cantinho da seção de obras raras e dos jornais do Estado. Ele tem 81 anos e cresceu junto com a biblioteca, desde o seu primeiro endereço, na rua Trajano, no Centro de Florianópolis.
Soares lembrou que “é uma satisfação para a cidade inteira ver a procura de alunos ou pesquisadores de uma maneira geral. Se procuram, é porque oferece condições. Tem um atendimento, diria, excelente, muito bom”. Ele é a prova viva que o gosto pela leitura não envelhece, fica conservado, assim como os jornais da biblioteca.
“A dedicação à leitura, à pesquisa e ao processo cultural como um todo aprimora o conhecimento. Aprimorando esse conhecimento, quero crer que a tendência é melhorar socialmente, culturalmente, economicamente, porque abre espaço para todo o cidadão. Aumenta o universo das pessoas”, disse o jornalista.
Outra pessoa que tem um caso antigo de amor com a Biblioteca Pública de Santa Catarina é a escritora Edenice Fraga. Desde os 13 anos frequenta a biblioteca, o que a incentivou a se tornar escritora.
Segundo a escritora, suas inspirações foram “Cruz e Souza e, na vida pública, Antonieta de Barros. E nesse espaço [da biblioteca], que eu acho que é um espaço sagrado, eu tive muito contato com escritores do século 19 e por não ter condições financeiras a biblioteca foi um lar sagrado e um lar literário”.
Com quatro livros publicados e presentes no acervo da biblioteca, Edenice diz que é impossível medir o orgulho que sente ao ver suas obras nas estantes. “Eu acho que essa paixão dessa escritora, que começou lá na infância, lá na adolescência, lendo livros emprestados fez com que hoje eu pudesse estar aqui com os meus livros”, disse.
A programação na biblioteca segue nesta terça-feira (31), dia oficial do aniversário, com a reabertura do setor de artigos raros, oficinas, roda de conversa e, claro, os parabéns.
Confira mais informações na reportagem do Balanço Geral Florianópolis!