Conhecer alguém especial para compartilhar a vida é o desejo da maioria das pessoas. Assim como os mais jovens, os idosos também abrem o coração para a possibilidade de viver um novo amor. O Portal ND+ reuniu a história de três casais de Santa Catarina que se conheceram na terceira idade e iniciaram um novo relacionamento amoroso.

Entre bailes da terceira idade e o despertar de uma paixão entre amigos de infância, os casais relembram como a chama reacendeu em seus corações. Em seus relatos, eles destacam algo muito importante, “não tem idade para amar”.
Dos bailes para a vida 446fy
Os bailes da terceira idade reúnem diversas pessoas que buscam se divertir, conversar e, quem sabe, encontrar um parceiro com quem possam dividir muito mais do que apenas uma dança. Este foi o caso de Gedit Verônica Pereira Mais, de 74 anos, que reside em Luiz Alves, no Vale do Itajaí.

Conhecida como “Gê”, ela conheceu Pedro Marques, de 70 anos, durante os eios realizados com o grupo da terceira idade do município. Por coincidência ou obra do destino, ela acabou se interessando pelo homem que trabalhava no sítio de seu genro. Na época, ela não sabia que parte da família já conhecia seu futuro parceiro.
“Ele trabalhava no sítio do Timo e nós fomos para São João ear com a terceira idade, foi quando conheci ele. Ficamos um ano um para lá e outro para cá, até que a gente começou a conversar”, relembrou Gedit.
O casal se conheceu em 2010 e estão prestes a comemorar 13 anos de namoro. Ao perceber que o relacionamento poderia se tornar mais sério, ela decidiu conversar com o genro para saber o que ele achava do pretendente, já que ele trabalhava em seu sítio.
“Ele disse que se eu estava interessada era para ficar com ele, pois o achava uma pessoa boa. Em uma festa, eu também perguntei para um dos meus filhos o que ele achava e deu tudo certo”. A família de Pedro também apoiou o relacionamento deles.
O casal foi até uma capela da Nossa Senhora Aparecida, onde rezaram e pediram para que ela abençoasse o relacionamento.
Eles não se importaram com a opinião dos outros 5652e
O início do relacionamento foi comentado por algumas pessoas, que não concordavam com o fato deles tomarem a comunhão na igreja. Gê é viúva, foi casada por 38 anos e teve dois filhos. Natural do Paraná, Pedro foi casado por 25 anos, também teve filhos e se divorciou antes de se mudar para Santa Catarina.
O casal não se importou com os comentários e resolveu seguir a vida como bem entenderam. “Nós temos que saber o que nós gostamos, não ir atrás da conversa dos outros. Teve até gente que falou que nós estávamos juntos, que íamos na igreja, na comunhão e que isso não era certo, aí o Pedro disse ‘nós fazemos o que achamos certo para nós, se os outros acham que não está certo, o problema é deles”, comentou.
Pedro destaca que não há idade para se relacionar e que ninguém gosta de ficar sozinho. Ele ainda comenta que o amor vivido por pessoas jovens é o mesmo que o das mais velhas. “Se tiver uma pessoa que é boa e dá certo junto, é bom [ter um relacionamento], porque sozinho é muito ruim”.

Baile da terceira idade 5p1q2p
Os bailes fazem parte do calendário de atividades para as pessoas mais velhas em Luiz Alves. O evento é realizado uma vez por semana, nas quartas-feiras, das 14 às 18h. Pedro aconselha as pessoas entre 45 e 50 anos a frequentar esses espaços. Gê destaca que é “muito divertido, conversamos com um e com outro, é uma tarde maravilhosa”.
Foi em uma das saídas para uma tarde dançante que ela sentiu algo diferente pelo homem com quem hoje divide a vida. No ônibus que os levaria para uma festa em outra cidade, Gedit viu Pedro sentado com outra mulher e suspeitou que ele pudesse estar comprometido.
“O dia em que o conheci no ônibus ele estava com outra mulher, que era uma paquera, mas eu não sabia. Quando vi ele até pensei comigo ‘poxa, um homem daqueles eu também queria’, mas só ficou aqui dentro de mim, depois eu descobri que ele era sozinho e aí aconteceu”.
Entre uma conversa e outra a paixão entre o casal cresceu e hoje eles dividem a vida juntos, dançam e compartilham momentos felizes, um ao lado do outro.

Namoro à moda antiga u373s
O que começou como uma amizade nos bailes da terceira idade acabou em uma bela cerimônia de casamento em Pomerode. Anilda Irene Kopper, de 71 anos, se casou após dois anos de namoro com Waldemar Hille, de 67 anos. O início dos dois foi à moda antiga, com ele do lado de fora do portão enquanto conversava com ela.

“A gente se encontrava na terceira idade nas tardes dançantes. Se via de vez em quando, mas demorou um pouco para a gente começar a namorar”, relembrou Anilda.
Ela ainda comenta que as outras pessoas já comentavam sobre eles, que ainda não haviam percebido o interesse mútuo entre os dois. Um dos motivos para o casal demorar a namorar foi pelo fato de Waldemar fumar na época.
“Demorou um pouco porque ele fumava bastante, de duas a três carteiras por dia, e eu falava que ele tinha que deixar de fumar, porque não dava. Ele disse que iria deixar e realmente deixou”.
Uma segunda chance para o amor 5n1x3a
Waldemar começou a visitar e conversar com Anilda, apenas como amigos. Aos poucos, o relacionamento dos dois foi evoluindo até que o assunto “namoro” surgiu. Tudo começou à moda antiga, quando ele a cortejava em frente ao portão da casa dela.
Em um sábado de manhã, quando eles aguardavam o ônibus para fazer uma viagem com o grupo de idosos, a filha de Waldemar ou e perguntou ao pai se ela era a namorada dele. “A gente parecia adolescente de namorico”.
O casal começou a namorar em janeiro de 2015 e, no dia 29 de abril de 2017, se casou na igreja. “Já faz seis anos que estamos juntos. Ele é meus olhos, meu guia, meu tudo”, destacou Anilda.
Antes de dar uma segunda chance para o amor e abrir seu coração para Waldemar, ela foi casada, teve três filhos, mas ficou viúva após 25 anos. Ele também foi casado e teve dois filhos. A família de ambos aprova o relacionamento e torcem pela felicidade deles.
“A milha família gosta demais dele. Minha neta bate as mãos e grita para ele pegá-la e ficar com ela no colo, chama o ‘vô’. Todos aceitaram bem de boa”.
Dançar é o hobby favorito do casal 156t4
O casal participa de diversas atividades juntos e fazem parte de dois grupos de idosos, um da prefeitura de Pomerode e um outro particular. Entre as atividades está a dança, considerada a favorita deles.
Anilda comenta que é muito bom ter uma companhia para se divertir, pois muitas pessoas acabam sozinhas e não se relacionam mais. “Tudo isso é muito bom para nós. A pessoa tem que se conhecer e se valorizar em primeiro lugar”.
Noveleiros, eles não perdem o jornal e nem um capítulo de suas novelas preferidas. Além de dançar, o casal adora jogar baralho, comer fora e não dispensam um bom chope de vinho.

Amigos de infância se apaixonaram na terceira idade 4d6it
Uma história de amor entre um casal de Agrolândia, no Alto Vale do Itajaí, foi construída na terceira idade, anos após se conhecerem. Quando crianças, eles brincavam juntos, pois suas famílias eram amigas e se visitavam frequentemente.

Ao crescer, cada um se casou e viveu sua vida, mas sempre próximos, pois tinham amigos e grupos em comum, além de frequentar a mesma igreja. Renaldo Lippel, de 83 anos, construiu uma história de amor com Helga Schenkel, de 78 anos.
Mariles Lippel comentou que as suas famílias se conhecem há anos e que, inclusive, Helga era muito amiga de sua mãe. “Eles sempre se conheceram e viveram próximos, a vida inteira como amigos”.
Após o falecimento da esposa, Renaldo se sentiu muito solitário e disse que não conseguia viver sozinho, queria uma companheira para conversar e dividir a vida. Helga já estava há muitos anos sozinha e despertou o interesse do amigo de infância, que perguntou se eles poderiam conversar sobre o assunto para ver se as coisas entre eles dariam certo.
“As coisas foram acontecendo naturalmente e os dois ficaram muito felizes conforme tudo foi se encaixando e dando certo”, relembrou a filha dele.
Se casaram em uma cerimônia organizada pelas famílias 13p3n
Eles começaram a conversar em junho de 2021 e, no dia 2 de outubro do mesmo ano, um dia após o aniversário de Renaldo, foi realizado um belo casamento em um sítio, com as famílias reunidas.
O relacionamento do casal é apoiado por seus familiares, que organizaram a cerimônia no sítio de uma das filhas de Helga. Ela possui quatro filhos e ele três, que almejam pela felicidade dos dois.
Ela havia se divorciado há 18 anos e, desde então, não havia dado uma segunda chance para o amor. Renaldo surgiu e conseguiu encontrar espaço no coração da amada.
Quando perguntados sobre o que mais gostam um no outro, ele destaca a sinceridade e humildade da parceira, que o enche de atenção e cuidados.
“Eu amo ele porque a gente compartilha tudo, a gente se dá muito bem, ele me compreende e eu compreendo ele em todas as coisas. A gente tem uma parceria de igualdade, da mesma cultura, mesma igreja, a gente compartilha tudo, tudo dá certo. Eu amo ele e tenho uma vida muito feliz com ele”, declarou Helga.
O casal ainda comenta que as pessoas precisam se conhecer bem, conhecer o caráter uma da outra para que o relacionamento dê certo.
“A vida é feita de escolhas e a gente tem que escolher bem para viver feliz. Tem que escolher um compartilhamento bom para a vida dar certo”, destacou a parceira.