
Apaixonado por literatura, Osmar João Pavesi diz que seu trabalho na Biblioteca Pública Municipal Prefeito Rolf Colin, em ville, aconteceu ao acaso – e essa casualidade se estendeu ao longo dos últimos 28 anos. O pedagogo é responsável pela tradução das obras do acervo para o braile.
Seu trabalho ajuda pessoas com deficiência visual, sejam de baixa visão ou cegas, a terem o a livros diariamente na biblioteca mais antiga da cidade do Norte catarinense.
Quem é o funcionário mais antigo de biblioteca Rolf Colin 5p4g5j
Osmar João Pavesi é natural de Vidal Ramos, no Alto Vale do Itajaí, mas criou-se no bairro Boa Vista, em ville. Ele é formado em pedagogia e professor de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais).
Pavesi conta que sempre teve uma proximidade muito grande com livros, mas não imaginava trabalhar em uma biblioteca. Em 1997, no entanto, foi convidado a integrar a equipe da biblioteca mais antiga de ville.
Na epóca, ele ainda não tinha uma graduação na área, mas se especializou ao longo dos anos. O foco de seu trabalho é promover a ibilidade na literatura.
“Meu sentimento é de alegria, de dever cumprido, de muita utilidade naquilo que eu faço. As pessoas cegas têm muita necessidade de ibilidade nessa questão da literatura, da informação, da cultura”, relata Pavesi.
Acervo ível da biblioteca pública de ville 4r2r2a
A Biblioteca Pública Municipal Prefeito Rolf Colin possui um acervo de 49 mil livros, que em maior parte foram doados pela comunidade. Desse total, 645 já contam com uma versão em braile e 183 em audiolivro.
“Nós começamos esse trabalho de áudio lá atrás com a boa e velha fita cassete. E aí ao longo do tempo veio o CD, que já está em desuso também, mas ainda tem público”, conta.
Pavesi revela que, atualmente, a maior procura é por livros digitais íveis. “As pessoas estão cada vez mais utilizando o celular, o computador, e aí através de aplicativos, leitores de tela – tanto de computador quanto de celular – as pessoas têm mais o, facilidade e até mais rapidez na leitura dos livros”, diz.
Ainda segundo ele, a procura pelo digital supera amplamente a demanda de livros em braile e CD nos dias atuais. Na biblioteca Rolf Colin, a tradução das obras para o digital ível ocorre por meio do OCR (reconhecimento ótico de caracteres).
“Esse reconhecedor traz pequenos equívocos em alguns determinados caracteres. Então depois que ele [o livro] é escaneado, a gente faz todo o trabalho de correção e entrega para o usuário”, detalha Pavesi.
Ele ainda explica que esse trabalho é voltado exclusivamente para o público com deficiência visual, devido à Lei de Direitos Autorais que protege a produção e disseminação de livros.
Mas a biblioteca também recebe pessoas com deficiência visual que preferem o livro físico. “Ainda tem aquelas pessoas que gostam do livro em braile, assim como tem o público que enxerga e que prefere o livro no papel, prefere sentir o cheiro do papel, prefere manusear o livro”, exemplifica.
Livro “hit” em braile 4d5r4j
Marley & Eu é o livro mais procurado por pessoas com deficiência visual na Biblioteca Pública Municipal Prefeito Rolf Colin. Pavesi conta que autores como Pedro Bandeira e Sidney Sheldon também fazem sucesso na comunidade vilense.
Mas se alguém pedir uma indicação de obra a Pavesi, ele sem dúvidas recomendaria O Buraco da Agulha, do escritor britânico Ken Follett.
“É um livro que traça uma trama na época da Segunda Guerra Mundial. É um livro que quem começa a ler não tem vontade de parar. Ele prende, dada ao enredo, à forma como o autor vai tecendo as particularidades e como o autor vai unindo as tramas até chegar no desfecho final. É um livro que, sem dúvida, tira o fôlego”, afirma.