
Em um ambiente acolhedor, valorizando a troca de experiências e os conhecimentos já adquiridos, a Secretaria de Educação de Jaraguá do Sul, em parceria com a Secretaria de Assistência Social e Habitação, transforma a vida de adultos. O programa de alfabetização voltado para idosos oferece aulas de português básico, letramento e de matemática para os moradores mais experientes da cidade.
De acordo com a prefeitura, as aulas acontecem duas vezes por semana, por aproximadamente um ano, até que a alfabetização e o letramento sejam considerados completos pelas educadoras. O programa atende, até o momento, 14 adultos, sendo 2 homens e 12 mulheres. Cinco idosos já estão na fila e serão incluídos na próxima turma a ser aberta.
Uma das integrantes do projeto é a professora Márcia Hermann. Ela explica que as aulas acontecem no ambiente do Centro de Convivência do Parque Municipal de Eventos, duram uma hora e meia cada vez, com intervalo de 15 minutos para lanche, e que todas as alunas vão para casa com tarefas, para ajudar a fixar o conteúdo.
O analfabetismo é um problema que vem crescendo no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14 milhões de pessoas com mais de 15 anos não sabem escrever, fazer leituras simples ou realizar as operações básicas de matemática. Os dados são de 2022. Quatro anos antes, em 2018, esse número era de 11 milhões.
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A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), incentiva a criação de programas de alfabetização, como a iniciativa realizada em Jaraguá. A concentração de pessoas não alfabetizadas ocorre principalmente na população idosa, devido a ausência de o a políticas educacionais nas últimas décadas.
A doméstica aposentada Alaíde Jacinto de Oliveira, 75 anos, enche os olhos de lágrimas ao pensar que vai realizar o sonho de aprender a ler e escrever. “Casei nova, com 16 anos, e logo vieram os filhos. Não deu para estudar. ei muita dificuldade por não saber ler. É muito difícil não ter segurança para pegar um ônibus, não poder ler a bula de um remédio. Agora tenho o sonho de me alfabetizar. Estou achando difícil, mas não vou desistir”, falou, emocionada, dona Alaíde.
Os primeiros os da alfabetização no Brasil surgiram em 1554, quando padres jesuítas tentaram catequizar os indígenas. No entanto, em razão da ausência de método educacional, falharam. Em 1890, surgiu a pedagogia, que ou a adotar métodos de ensino. No entanto, a revolução no processo de aprendizagem só aconteceu em 1960, com o surgimento do método Paulo Freire, que leva em consideração as dificuldades e habilidades de cada estudante.
A secretária de Educação de Jaraguá, Emanuela Wolff, afirma que a ideia de lançar o projeto surgiu a partir de uma iniciativa de voluntários. “Numa reunião com voluntárias que prestavam esse serviço nas igrejas, resolvemos implementar como política pública, pois apesar de vivermos num mundo cercado de tecnologias e inovações, existe um grupo que não tem autonomia para usufruir dessas tecnologias e inovações e nem mesmo realizar tarefas simples do cotidiano como pegar um ônibus sozinho, ler a agenda escolar do filho, fazer um bolo lendo receitas, ler o encaminhamento médico”, afirma.