Criar uma criança com base no respeito do desenvolvimento do corpo e do cérebro é um dos objetivos da criação neurocompatível, termo criado pela psicóloga Márcia Tosin em 2015. Entretanto, há quem diga que é uma educação de “mães nutellas”, ou seja, que difere da forma tradicional – ou de mãe raiz – de educar a criança.
O assunto é tema para o podcast aDiversa desta sexta-feira (12), que celebra o Dia das Mães.

Para participar do episódio, a apresentadora Luciana Barros recebe a pedagoga e integrante do movimento neurocompatível Elis Vasconcelos e Juliana Rabello, jornalista e colunista de maternidade da Diversa+.
A mãe e educadora Josiane Seman, e a mãe e executiva do Grupo ND Ana Paula Rocha também estão presentes. O professor de comunicação Waclenson Vinicius Rufino se junta ao time para falar de paternidade.
Movimento neurocompatível 59415w
Educar os filhos dentro de um contexto mais amoroso e inclusivo é uma das premissas do movimento neurocompatível. A pedagoga Elis Vasconcelos explica que é necessário ver a criança como um ser pensante e parte da sociedade.
“Ser neurocompativel é encontrar, dentro da sua construção familiar, o amor e criar para entender que a fases do desenvolvimento dela vão ocorrer de qualquer forma, sem nenhuma imposição. As coisas vão fluir”.
A educadora Josiane Seman concorda em alguns aspectos com Elis, mas garante que impor limites é necessário para a educação da criança.
“Depois dos dois ou dos três anos, eles precisam aprender a ter regras porque durante toda a vida eles vão seguir regras e nem sempre vai ser como querem. O compreender que tudo tem limite é desde criança”, diz.
Como os nossos pais 6uk6p
Juliana vem de uma família tradicional e busca ser uma mãe que faz o equilíbrio entre o “nutella” e “raiz”.
“Vim de uma família tradicional. Sei que faço terapia por coisas que trouxe da infância e que obviamente não os culpo, sei o quanto eles [os pais dela] tentaram da forma deles. Mas claro, hoje em dia eu tento não repetir algumas coisas que vi que foram ruins”.
Para Ana Paula, o diálogo deve ser a principal ferramenta na hora de educar os filhos. “Quando eu me tornei mãe, eu também tinha mais essa referência autoritarista no sentido de ensinar o que é certo e errado, o que pode e não pode. Mas, no meio do percurso como mãe, eu entendi que ela é um outro ser, não é uma extensão de mim”.
O professor de comunicação Waclenson, por sua vez, não sabe definir se a criação dele com o filho Samuel é mais nutella ou raiz. Entretanto, garante que costuma ser um pai acolhedor.
“Tento me colocar no papel de amparar e proteger. Porque não tem como, o mundo é bem diferente, é cruel. Vivi com o Samuel uma situação que ele foi vítima de racismo, ele é uma criança negra com black power. Eu sofri [racismo], o meu pai sofreu, mas nunca me preparei para isso. O que ele precisa ter quando chegar em casa? Um lar para ampará-lo, acolhê-lo e explicar que o errado não é ele”.