Prestes a terminar, o ano de 2021 foi marcado por dor e perdas em Santa Catarina. O rastro de mortes e sequelas deixado pela Covid-19, o aumento da inflação e a situação de extrema pobreza vivida por milhares de famílias são consequências da pandemia que todos nós gostaríamos de esquecer.
Ao mesmo tempo, o respiro trazido pela imunização em massa e a lenta e gradual retomada da economia trazem a esperança em dias melhores.

Mas em meio a toda essa avalanche, diversos catarinenses fizeram do limão uma limonada, realizaram sonhos e alcançaram seus ‘finais felizes’ em 2021. Confira algumas dessas histórias inspiradoras!
Militar quebra barreiras e conquista nomeação história em SC
Nathalia Roger fez história este ano em Santa Catarina ao se tornar a primeira sargento combatente a atuar no 28º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha de Criciúma), em 190 anos de fundação, e no Estado catarinense também.

Antes, as mulheres ocupavam funções no Exército apenas nas áreas de saúde ou em pontos istrativos. A permissão para ser combatente era exclusiva dos homens, mas Nathalia e outras companheiras aguerridas foram pioneiras em mudar esse cenário.
“É uma gratificação muito grande. Sou da terceira turma de mulheres que atuam nas áreas logísticas militares, me inspirei nas da primeira e segunda turma, assim como encorajei outras que estão prestes a se formar. É como participar de uma corrente de incentivo mesmo, cada vez mais ampliando o horizonte. Não há palavras”, declara.

O sonho em ingressar na carreira militar vem de berço. “Tenho muitos familiares por parte de pai que foram rumo à vida militar e pude ver de perto as conquistas deles, mas não imaginava que eu poderia trilhar o mesmo caminho logo tão cedo”, destaca.
Hoje, ela desempenha a função de auxiliar na Seção Logística no 28º GAC. “Somos responsáveis por cooperar nas diversas áreas de atuação do quartel, por exemplo, com a coordenação de meios de transporte, de recebimento e disponibilidade de material. Junto a isso, ainda desempenho a função de mecânica de armamento”, explica.

No ano que vem a sargento Nathalia também deve receber uma companheira para colaborar na área de manutenção. “O sentimento é literalmente de poder abrir um caminho”, resume.
Trajetória
Nathalia batalhou muito para chegar onde chegou. Ela se formou na EsSLog (Escola de Sargentos de Logística) e se especializou em Material Bélico – Manutenção de Armamento.
Em seguida, após a aprovação em um concurso, ingressou nas Forças Armadas como aluna no 10° BIL MTH, localizado em Juiz de Fora (MG), onde realizou o período básico e, ao final, foi homenageada como destaque da turma.
Posteriormente, deu continuidade à sua formação na EsSLog com o Período de Qualificação Militar em Material Bélico – Manutenção de Armamento. Finalizados os dois anos, Nathalia foi transferida para o 28º GAC.

“Foram diversas situações de superação mesmo, a saudade de casa, da família e até mesmo a rotina de estudo somada à rotina de treinamento físico e psicológico que certamente me fizeram transpor meus próprios limites”, conta.
Estudante se muda para Portugal e vive sonho de estudar em uma das melhores universidades do mundo
Em 2021, o criciumense Lucas Urbano, de 19 anos, também fez história na cidade do Sul catarinense ao conseguir mobilizar a sociedade em prol do seu sonho: o de estudar na Europa.

Ele conseguiu um financiamento coletivo de R$ 4 mil para pagar as mensalidades iniciais, a estadia e parte das despesas no novo país, além de uma excelente nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o que garantiu a aprovação em primeiro lugar no curso tão sonhado.
O destino escolhido pelo estudante foi a Universidade de Aveiro, em Portugal, considerada uma das melhores do mundo com menos de 50 anos de fundação, e onde ele cursa há quase três meses licenciatura em Línguas e Relações Empresarias.
“Sempre me interessei pelas culturas e pessoas diferentes que eu lia nos livros, assistia nos filmes e ouvia nas músicas. Me interessava como as pessoas se expressavam de formas diferentes dependendo de onde aquele produto era feito. Só que experimentar isso parecia algo surreal e distante para mim, porque na minha cabeça envolvia muito dinheiro e poucas pessoas conseguiam”, comenta o jovem.
O início do sonho
Após concluir o ensino médio, Lucas ou a pesquisar locais íveis, que atendessem suas expectativas e encontrou o país da Europa como alternativa.

“Foi onde eu vi que Portugal tem muitos incentivos e muitas parcerias com o Brasil e que seria mais fácil a entrada para alunos brasileiros”, comenta o estudante.
Já com o destino certo e a aprovação na universidade, surgiu no percurso de quase 7,5 mil quilômetros um dos maiores desafios: o dinheiro para viver o que havia planejado.
A solução dele, então, foi criar uma espécie de vaquinha virtual e contar com a solidariedade das pessoas. “Isso me ajudou muito e acho que foi o que me possibilitou viver aqui na Europa”, conta Lucas.
Agora, para se manter na cidade, o estudante recorreu novamente à ação. Para ajudar, confira à postagem dele abaixo na internet.
A vida em Aveiro
Hoje, além de conviver com pessoas de todos os cantos do mundo, Lucas enfrenta uma rotina intensa de estudos na Europa. “Aqui tem um sistema de provas e ensino diferente, o que é bem desafiador. A adaptação também é um pouquinho desgastante ainda. Mas tudo isso acaba diminuindo a saudade de casa, porque tu pensa menos no que deixou para trás por estar muito preocupado em se adaptar e fazer as coisas darem certo”, revela.

Para os próximos anos, o jovem já está cheio de planos, entre eles, o de um possível retorno ao Brasil. “Tenho muito a amadurecer até o fim da licenciatura, mas seria ideal ar cinco anos em Portugal e conseguir dar entrada no meu processo de cidadania portuguesa, seria um sonho”, comenta.
“Considero também fazer mestrado em outro lugar que não seja Aveiro para conhecer uma nova cultura ou também voltar para o Brasil e aplicar o conhecimento adquirido aqui que podem dar resultado no meu país”, complementa.
Um ano de mudança
O ano que chega ao fim, para Lucas, tem significado de mudança. “Eu tive que abandonar tudo o que eu conheço para enfrentar uma nova realidade, mudando totalmente de vida”, destaca.
Após três tentativas, 2021 trouxe um presente à Schaiany
O ano de 2021 também foi decisivo na vida da moradora de Içara, também no Sul catarinense, Schaiany Anselmo. Após três tentativas frustradas, ela e o marido estão à espera da primeira filha, Julia.

O momento era sonhado pelos dois desde 2016 quando se casaram. “Sempre foi o nosso maior desejo construir uma família”, conta a assistente de vendas.
No entanto, os desafios quase os fizeram desistir. Em 2017, após sofrer alguns sangramentos, Schaiany descobriu uma gravidez ectópica, ou seja, uma gestação fora do útero.
“Na época foi um susto porque eu não tinha muito conhecimento do assunto. Precisei ser internada às pressas e tivemos que fazer uma cirurgia de emergência, pois a trompa havia rompido”, lembra.
Depois desse episódio, as chances de Schaiany engravidar eram de 50%. Mas confiantes e com a liberação da médica, o casal decidiu tentar novamente.
“Em janeiro de 2018 tive uma leve desconfiança de que estava grávida. Resolvi fazer um teste e, para minha surpresa, deu positivo. Foi uma felicidade imensa, uma sensação inexplicável”, descreve.

Porém, após quatro dias a mesma notícia: gravidez ectópica. “Meu mundo desabou, não acreditava que isso estava acontecendo conosco. Fui novamente internada para fazer tratamento, porém, mais uma vez, a outra trompa se rompeu e ei por nova cirurgia” revela.
A partir daí, ela viveu tempos difíceis. “Foi um dos piores momentos da minha vida. O sonho de gerar uma vida por meio natural tinha acabado naquela sala de cirurgia, o sonho de se tornar mãe estava cada vez mais distante”, conta.
“Eu não conseguia aceitar e ter minha família e amigos ao meu lado foi essencial nesse momento. Precisei fazer terapia para digerir o que estava acontecendo. Isso me ajudou muito. Nesse período conheci histórias de superação incríveis. Apesar de tudo o que amos, nunca perdemos a fé”, complementa.
A última esperança
Dois anos se aram e eles decidiram recorrer ao tratamento de FIV (Fertilização in Vitro). A primeira tentativa foi falha. “Fizemos todos os exames, porém, infelizmente em dezembro o resultado veio negativo. Eu já sabia e entendia todos os riscos, mas mesmo assim fiquei muito mal. Perdemos o chão novamente”, comenta.
Ainda mais unido, o casal tentou novamente em abril deste ano. “Dessa vez somente eu, meu esposo e Deus sabiam. Preferimos assim para não criar expectativas em ninguém. E para nossa surpresa descobrimos a trombofilia. Mais uma vez fiquei em choque. Mesmo assim encaramos, começamos o tratamento e tudo foi fluindo com leveza e tranquilidade”, declara.

No final de junho foi feita a transferência do embrião e em julho saiu o resultado tão esperado: Schaiany estava grávida. “Foi uma felicidade que eu não sei explicar. Nesse dia contamos para nossos pais que nosso bebê arco-íris estava à caminho. Pegamos a família toda de surpresa, ninguém estava esperando”, diz a futura mamãe.
Schaiany já está grávida de sete meses. “Nossa pequena Julia foi um presente de Deus. Estamos vivendo a melhor fase de nossas vidas”, revela. Agora, os futuros papais se preparam para receber a pequena em 2022, junto com a fé em dias melhores.