Imagine a bondade de alguém que deixa sua casa para presentear crianças em um hospital. Agora, imagine alguém que faz isso três vezes por dia, sete dias por semana, durante 14 anos.
Essa era a rotina de Aldo Emílio Jungton, mais conhecido como seu Fury’s. Por mais de uma década, ele foi quase todos os dias até o Hospital e Maternidade Sagrada Família, em São Bento do Sul, para entregar presentes às crianças que avam pela emergência.

Tudo começou quando seu Fury’s decidiu distribuir bolachas para as crianças, sempre acompanhadas de adultos, em vários espaços da cidade. Porém, preocupado com a saúde dos pequenos, ele acabou mudando o presente: em vez de bolachas, ou a dar brinquedos e instituiu um local fixo, a emergência do hospital.
“Ele queria amenizar um pouquinho a dor e o desconforto que essas crianças sentiam até serem atendidas pelo médico. Então, ele tinha uma cestinha e as crianças vinham ao encontro dele e escolhiam o brinquedo que queriam”, relembra a filha de seu Fury’s, Cátia Regina Jungton Moreira.

Além de deixar os pequeninos mais alegres, a ação, segundo Cátia, acabava tendo resultados positivos até para a saúde. “Algumas chegavam febris, com dor de barriga, e quando eram atendidas já não tinham nem febre nem dor”, conta.
É claro que também havia os espertinhos que queriam ir até o hospital só pra ganhar brinquedo. “Uma vez, ou uma mulher de carro três vezes até que parou. Ela disse que a neta de 4 anos havia visto o carro do meu pai no hospital e que queria parar para o ver o médico porque não estava se sentindo bem. Chegando lá, a menina disse que parou só para pegar o brinquedo”, relembra Cátia.
Iniciativa que faz bem a quem doa e a quem recebe 6x3c60
A ação não fazia bem apenas a quem recebia os brinquedos, mas também ao seu Fury’s. “Isso era a alegria dele. Se ficasse um dia sem ir, ele já ficava pensando que as crianças estavam o esperando. E realmente elas chegavam no hospital e já esperavam o tio ou o vô do brinquedo. Cada uma tinha o seu carinho por ele”, fala. Cátia.
Embora tivesse como destino o hospital, o carro de seu Fury’s estava sempre preparado com o banco de trás repleto de brinquedos. Assim, ele parava na praça, na farmácia, no mercado e toda criança que ava recebia um presente. E havia brinquedo para todos: desde quem ainda estava na barriga da mãe até os maiorzinhos.
A atitude do idoso era tão conhecida na cidade que foi até mesmo homenageada na Câmara de Vereadores de São Bento do Sul, em 2017.

A pandemia do coronavírus, porém, acabou interrompendo a ação. “Isso mexeu muito com ele, que sempre insistia pedindo pra ir”. Seu Fury’s morreu no dia 8 de fevereiro, mas seu exemplo de dedicação e carinho não devem ser esquecidos tão cedo.
“Ele deixou um exemplo de bondade, sempre foi um homem digno, um homem de muitas amizades. Eu sempre digo que ele fazia o bem sem querer nada em troca, sem olhar pra quem faz o bem. É um exemplo a ser seguido”, destaca Cátia.
E é isso que ela pretende fazer: manter a rotina de afeto que o pai tinha com as crianças.