Colunistas que leem a cidade formam a voz do ND 6x3k4r

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Profissionais especialistas em opinião, crônicas e informações de bastidores desvendam as nuances da região da Capital

Ler a cidade. Esta é uma das missões de quem mantém uma coluna ou escreve artigos e crônicas nos jornais diários. Florianópolis e a região a que pertence fornecem muita matéria-prima para quem desempenha essa tarefa. Há instâncias públicas, instituições e empresas que tomam medidas que impactam o dia a dia da população. Peneirar essas informações, dar notas em primeira mão e amplificar o que merece destaque fazem parte da rotina desses profissionais.

Florianópolis vista de cima, dos altos do Morro da Cruz, de onde os colunistas do ND escrevem seus textos – Foto: Anderson Coelho/NDFlorianópolis vista de cima, dos altos do Morro da Cruz, de onde os colunistas do ND escrevem seus textos – Foto: Anderson Coelho/ND

Se elaboram textos mais longos, podem analisar com mais vagar o que está acontecendo. Se escrevem crônicas, dão um brilho literário a eventos corriqueiros, conferindo ao impresso uma pitada de leveza que o torna mais agradável de ler.

Fábio Gadotti, titular da coluna Bom Dia, publicada na segunda página do ND, acompanha e fala das políticas públicas que interferem na vida dos cidadãos e dá destaque a projetos inovadores nos quais Florianópolis é referência, em vista de uma nova geração de profissionais que pensam o futuro da cidade e investem na melhoria de sua qualidade de vida. Este é um ponto de partida, mas seu espaço no impresso tem muito mais.

“Gosto de falar sobre cultura, meio ambiente, turismo e buscar novas fontes nas universidades e centros de pesquisa”, diz Gadotti. “Tem muita gente fazendo coisas boas e é importante compartilhar isso com o grande público. Um desafio diário é buscar a pluralidade, levar para a coluna um pouco da diversidade de Florianópolis. A sociedade não é homogênea, é formada por pessoas que vivem de forma diferente, pensam diferente e também têm problemas diferentes”.

Quem acompanha a coluna tem um panorama interessante sobre as mudanças no perfil da cidade, alterações urbanísticas e tendências de comportamento.

As raízes do ilhéu

Poucos jornalistas de Florianópolis têm mais vínculo com as raízes e a alma da cidade do que Cacau Menezes. Sua coluna no ND fala de figuras que se identificam com o modo de vida da Ilha, homens e mulheres que constroem a história da cidade ou que foram relevantes quando a Capital não tinha o ar cosmopolita de hoje.

Promotor de grandes festas, DJ dos melhores tempos da noite na cidade, testemunha das transformações da urbe nos últimos 50 anos, ele fala de escândalos, pessoas falidas, divórcios, crises, separações – coisas que atiçam a curiosidade típica do ilhéu. “Floripa é diferente, e isso deve ser levado em consideração”, disse em recente entrevista.

Autor de coluna semanal, Laudelino José Sardá fala da cultura, da história e da memória da Capital. Propõe soluções que considera relevantes, políticas públicas arrojadas e a valorização do que há de mais autêntico. Cita figuras exóticas, como Bataclã, Funga-Funga e as benzedeiras do interior da Ilha, personagens que encarnam a alma de Florianópolis. E dá a receita para entender a índole do povo: “É necessário conversar com as pessoas simples”.

E o que dizer de Sérgio da Costa Ramos, o cronista-mor de Floripa? Seus textos impagáveis trazem de volta uma cidade que já não existe, com nostalgia e o tom irônico dos grandes observadores. Se o progresso é necessário, há também o que lamentar. “Cidade insular e portuária – paradoxalmente sem portos ou transporte marítimo –, sobre a Ilha se abateram todas as pragas do progresso predatório, associadas ao carrapato de uma ecoteologia caolha, que acaba provocando exatamente o que deveria evitar: a degradação ambiental”, afirma.

Hoje, Florianópolis é predominantemente forasteira (quase 52% da população são não nativos), mas o cronista faz reverências a ela com a paixão de sempre. Por isso, não se furta a imaginar o futuro.

As referências da nossa gente

O jornalista Marcos Cardoso valoriza as referências da cidade e sua rica história para produzir a coluna que mantém no ND há pouco mais de três anos. Para ele, contar aos leitores quem somos – os que construíram nossa realidade, os que deles descendem e os novos agentes que aqui chegam – e o que fazemos, por meio de uma conversa diária, é tarefa, além de prazerosa, necessária para que não percamos os vínculos. Numa síntese, afirma que “a coluna trata de apresentar a nossa gente para a nossa gente”.

Para isso, contribui o caldo de cultura que moldou a cidade. Ele ressalta que as lendas, os casos e ocasos, os patrimônios naturais e edificados, as transformações contínuas que a moldam tornam a Ilha de Santa Catarina “fonte inesgotável de situações e personagens que figuram diariamente em nossas páginas”.

O que dizem as nossas vozes:

Fabio Gadotti:
“Percebo a importância de chamar a atenção e provocar reflexão sobre temas relevantes para o fortalecimento da cidadania: direitos humanos, meio ambiente, combate à corrupção etc.”

Cacau Menezes:
“Aqui tem muita gente vaidosa, mas também simples. Ajudei a expulsar pessoas de outros lugares que chegavam e queriam mudar tudo, impor seu jeito de ser”.

Laudelino José Sardá:
“A cidade tem tantas histórias, encantamento, fantasia e uma cultura alentadora que nem governantes e nativos conseguem enxergar.”

 Sérgio da Costa Ramos:
“Morar em Floripa é ser vizinho da antessala do Éden e pagar o aluguel em engarrafamentos no trânsito… Afinal, viver na Ilha mais bela do mundo tem a sua penitência.”

Marcos Cardoso:
“A mistura dos saberes e fazeres dos índios, brancos e negros que formaram a população da região, desde sua mais remota história, somada aos costumes impostos ou provocados pela geografia contemplada pelo mar, resultou num tipo humano bastante peculiar.”