O espírito natalino corre pelos corredores da Escola Governador Irineu Bornhausen todos os anos com uma ação pra lá de especial desenvolvida para os alunos dos anos iniciais, em Luiz Alves.

Idealizado pela diretora Mirian Ronchi, o projeto “Adote Uma Carta” reúne toda a comunidade do Rio do Peixe, onde está situada a unidade escolar. Além da direção, professores e moradores adotam as cartinhas dos pequenos e compram os presentes solicitados ao bom velhinho. No final, o próprio faz a entrega pessoalmente aos estudantes.
Com 35 anos de história dentro da escola, a diretora Mirian Ronchi foi a idealizadora do projeto. A ação começou em 2011, quando ela assumiu a direção e decidiu fazer algo diferente para os alunos da educação infantil até o 5º ano.
“Essas cartas são distribuídas para pessoas de fora da escola e aí vem um presentinho legal. Nós também colocamos uma média de preço, para não ter diferença entre os presentes entregues”, comenta.
Projeto Adote Uma Carta é feito por muitas mãos 4hr29
Conforme Mirian, os professores de cada turma ficam responsáveis por entregar as cartinhas dos alunos para as pessoas de fora da escola que desejam contribuir com a ação. Ao todo, 275 alunos foram beneficiados este ano.
“A gente divide essas cartas com os professores dos anos finais do ensino médio também, para ajudar na distribuição delas. Por exemplo, eu estou na direção, mas pego 10 cartas, distribuo e depois recolho das pessoas os presentinhos para trazer pro dia do Papai Noel”, explicou.
Mirian também disse que às vezes ocorre das crianças pedirem presentes “exorbitantes”, como vídeo game e roller, mas que após uma conversa, elas entendem as “condições financeiras” do Papai Noel e pedem algo mais ível.
“A gente fala que o Papai Noel precisa dividir presentes iguais para todo mundo, então temos que fazê-las entender de uma forma lúdica e engraçada, mas que elas não fiquem decepcionadas. Tem aquele que pede um cubo mágico e tem o que pede um vídeo game, então temos que moderar”.
O carinho e amor das crianças marcou profundamente Mirian em todos esses anos que atua na educação. Ela, que também é professora de matemática, sempre deixa a emoção tomar conta nas formaturas dos alunos, que significam muito para ela.
“Eles têm um amor pela gente e a gente por eles, uma troca de carinho, porque eles vêm tão inocentes e tudo o que a gente pode deixar é um legado de respeito e valores. Em toda formatura eu choro, porque eles estão indo, tem que seguir o caminho deles e voar”.

De aluno da escola à Papai Noel 3i1r1c
Aluno da escola, Luís Ronchi, de 15 anos, não só adotou uma carta como também teve a oportunidade de vestir o traje de Papai Noel e fazer a entrega dos presentes às crianças. Quando pequeno, também foi beneficiado pela ação e desta vez, pôde estar do outro lado e contribuir.
Membro do grêmio estudantil há cerca de três anos, ele conta que o momento foi muito especial para ele.
“Antes de entregar os presentes, eu entrei pelo portão e dava pra ver como as crianças pequenas, do pré ao 2º ano, acreditam muito nisso ainda. Foi uma experiência muito legal porque quando eu entrei, eles vieram correndo para me abraçar, quase caí, mas foi uma experiência muito única, deu para sentir o amor das crianças pelo Papai Noel”.
Sobre o projeto, Luís comenta que beneficia muitas crianças do bairro, principalmente as mais carentes.
“Foi uma ideia muito boa para o povo aqui da comunidade adotar uma carta e presentear as crianças. Nem sempre todos podem ganhar presente e quando a comunidade adota, eles têm a chance de ganhar um presente muito bom”.
O irmãozinho dele também estuda na escola, o que tornou tudo ainda mais especial. Luís precisou mudar o tom da voz para que ele não descobrisse sua verdadeira identidade, mas não saiu como o planejado.
“Na hora que ele veio para pegar o presente, sentou do meu lado e olhou, mas não reconheceu. No final de tudo amos nas salas para entregar doces e pirulitos e eu vi que ele ficou olhando, foi quando comecei a rir e ele reconheceu”, contou.
Ele ainda recordou a última vez que escreveu uma cartinha e recebeu o que tanto queria, durante sua agem pelo 5º ano. Agora, na adolescência, ele pôde participar de uma forma diferente e ainda mais marcante.
“Eu nunca soube quem era o Papai Noel e agora eu tive a oportunidade de ser o Papai Noel, um sonho de criança”, destacou.
Sem dúvidas, o Natal da Escola Governador Irineu Bornhausen ficou marcado na memória de muitas crianças e pessoas que, de alguma forma, contribuíram para levar felicidade aos alunos.