Tendência é de mais investimentos na construção civil para os próximos anos 3j56t

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Marco Aurélio Alberton, presidente do Sinduscon-SC, aponta o futuro da construção civil e novas moradias em Florianópolis

O presidente do Sinduscon-SC (Sindicato da Indústria da Construção Civil), Marco Aurélio Alberton, diz que a falta de matéria-prima e a inclusão da tecnologia são os principais desafios da área para os próximos anos.

Por outro lado, um cenário econômico propício para mais investimentos e uma expectativa de desburocratização dos processos por meio da digitalização anima o segmento. Ele defende planejamento para lidar com o ‘boom imobiliário’.

Há uma burocracia muito grande. É preciso trazer a informática. É preciso integrar os órgãos do governo, sejam municipal, estadual ou federal, para que o que tiver na legalidade você consiga com mais rapidez. A construção civil traz crescimento ordenado, melhora a economia, gera empregos, renda e é importante para qualquer economia”- Foto: Viviane de Gênova/Arquivo/NDHá uma burocracia muito grande. É preciso trazer a informática. É preciso integrar os órgãos do governo, sejam municipal, estadual ou federal, para que o que tiver na legalidade você consiga com mais rapidez. A construção civil traz crescimento ordenado, melhora a economia, gera empregos, renda e é importante para qualquer economia”- Foto: Viviane de Gênova/Arquivo/ND

Como está o mercado da construção? 2q5r5s

O mercado está vivendo um bom momento. Devemos fechar o ano com
crescimento de 5% a 10%, e os desafios hoje estão efetivamente nos aumentos da cadeia produtiva. Estamos tendo um ree muito forte de aumentos na indústria, no que se refere a materiais, mão de obra também.

É uma dificuldade de mão de obra para atender toda a demanda crescente. Mas apesar disso estamos vivendo um bom momento, em razão das
boas taxas de juros, da oferta de crédito e do momento da economia em
si. As pessoas acreditam no imóvel como ótima opção, seja para moradia
ou para investimento. Os maiores desafios estão na mão de obra e na alta do preço do material em si.

O que vocês esperam para o futuro e qual a solução em relação a isso? 1r4t4h

Em relação à mão de obra, a gente precisa industrializar mais o setor,
partir para a industrialização, trazer um sistema construtivo pré-fabricado, até o mercado se regular. O que houve foi a paralisação por
causa da pandemia, muitas indústrias acabaram perdendo o ritmo de produção e o mundo todo começou a acelerar. Houve muita exportação
de material. Por exemplo, o minério de ferro fez com que o aço dobrasse de valor no último ano. Então, o mercado precisa se auto regular. Hoje estamos importando aço da Turquia para tentar mediar o preço. Temos que ter ofertas, concorrência no mercado. Já está havendo um acréscimo nos preços de venda dos imóveis, em razão dos aumentos que houveram e da valorização do setor em si. Observamos nesse período de 2020 para 2021 um valor agregado, um aumento nos valores do preço de metro quadrado da construção.

A tendência é que a tenha mais investimento nessa área? 6j683w

Essa é a expectativa, porque há uma demanda na indústria da construção. Nossa região precisa crescer muito ainda, criar habitações de interesse social. Em Florianópolis, a gente praticamente não tem construção de
interesse social por causa das dificuldades do plano diretor e o preço do
metro quadrado do terreno. A falta de habitações de interesse social acaba
incentivando as invasões e ocupações irregulares. Acredito que está sendo feito um trabalho pela prefeitura, vereadores e conselho da cidade para que se possa melhorar o plano diretor e incentivar as construções de interesse social.

“A gente não pode coibir o crescimento. Florianópolis está sempre na mídia nacional, com destaque pela qualidade de vida, o avanço da tecnologia. É demanda muito grande essa questão de tecnologia.” – Foto: Maycon Silva/Divulgação/ND“A gente não pode coibir o crescimento. Florianópolis está sempre na mídia nacional, com destaque pela qualidade de vida, o avanço da tecnologia. É demanda muito grande essa questão de tecnologia.” – Foto: Maycon Silva/Divulgação/ND

De forma geral, o mercado ainda é positivo. As pessoas têm noção de investimento e o desejo da casa própria. No imóvel sempre existe segurança, solidez, evidentemente que estou sempre aqui no Sinduscon representando o setor legal da construção, respeitando a legislação com sustentabilidade, critérios, para crescimento ordenado das cidades.

Dentro dos grandes desafios, podemos citar a burocratização para liberação de obras? 67701r

Hoje, para aprovar um projeto você leva de três a quatro anos para conseguir. Às vezes, cinco anos entre tirar todas as licenças. Há uma burocracia muito grande. É preciso trazer a informática, software e equipamentos para que isso possa ser feito de uma forma mais ordenada, mais rápida, com segurança jurídica, para que não se tenha um parecer que em uma hora vale, em outra não. E integrar os órgãos do governo, sejam municipal, estadual ou federal, para que o que tiver na legalidade você consiga com mais rapidez. A construção civil traz crescimento ordenado, melhora a economia, gera empregos, renda e é importante para qualquer economia.

Tem alguma tendência para isso melhorar no futuro? 42153t

A gente acredita que sim. Vários municípios já fazem isso, a gente
vê Florianópolis tentando implantar essa questão dos softwares, São José também está com uma política nesse sentido. Em Florianópolis, a gente vive no mundo digital e vê vários cases Brasil afora de sistemas que facilitam a vida desde a pessoa que quer fazer a reforma de uma casa, até o pequeno, médio e grande empreendedor. Você tem que facilitar isso, até para que as pessoas não caiam na ilegalidade, porque às vezes as dificuldades jogam a pessoa para construir na ilegalidade.

Tem muita gente vindo para Florianópolis. Como organizar esta demanda? 3k5u44

De forma ordenada, planejada. A gente não pode coibir o crescimento das cidades. Florianópolis está sempre na mídia nacional, com destaque pela qualidade de vida. No Norte da Ilha há bairros que estão em expansão, também no sul, e que são muito limitados né. Tem o Estreito, várias zonas que podem crescer…. Então, como é que a gente faz? Ordenando. Planejamento de forma ordenada, com aprovação de projetos de expansão, de crescimento não só residencial, mas também comercial. Para que a gente possa fixar as populações nos bairros, incentivar o comércio local, porque isso melhora a mobilidade das cidades.

Por parte das construtoras, como se dá esse planejamento? 62n1g

O Sinduscon sempre está aberto a participar de todas as conversas que
existem junto com as outras entidades. Existem vários projetos. Posso citar o distrito criativo, que a Acif está desenvolvendo, que é melhorar o planejamento dos bairros. Então, a gente participa, incentiva, constrói, e o que queremos é uma cidade boa para todos morarem e que cresça economicamente, que gere emprego, renda e estamos abertos para construir nesse sentido. Os construtores constroem legalmente. Infelizmente, tem muita construção ilegal em Florianópolis, em áreas de preservação, necessitando ações da polícia para coibir. Somos favoráveis a essas ações, porque combatemos a ilegalidade e desejamos que a cidade cresça de forma ordenada. Precisamos concentrar esforços para pensar no futuro e fazer com que as cidades possam ter efetivamente um bom plano diretor um bom planejamento, uma boa integração, melhorando a mobilidade e o crescimento econômico.

Então o custo vai ficar mais alto com a vinda de novos moradores? 1g738

Se a gente for verificar, o custo da cesta básica de Florianópolis já está entre os mais altos do país, em razão da qualidade de vida, do nível das pessoas que vem morar na cidade. O mercado é que tem que regular.

Por que não há projeto de moradias populares? 5k6u62

A gente tem que pensar socialmente como resolver a questão das habitações de interesse social e das ocupações irregulares, não deixar que isso continue avançando e dar uma vida digna para as pessoas. Vários mecanismos estão sendo estudados pelo poder público, com o Reurb, o Lar Legal… são ações que a gente tem que pensar de forma a poder ter um ambiente melhor para todos. Temos que buscar alternativas, inclusive com os meios de comunicação. Vemos o Grupo ND participando ativamente de várias campanhas, trazendo todos para achar soluções em conjunto.

Tem tendência de verticalização da cidade? 3l683h

A verticalização é sempre inteligente. Imagina um loteamento com
100 casas, com 100 famílias. Olha o espaço que você tem que ter para 100 famílias. Se ali você faz duas torres com 100 apartamentos, olha o espaço que você vai usar e o que você vai ter ao redor de verde e infraestrutura. O custo que é para o município recolher o lixo de 100 casas ou de dois prédios, ou de garantir a segurança é muito diferente. É lógico que a verticalização tem que ser estudada, ser inteligente, ter verde. O plano diretor atual é bem restritivo, mas a gente tá vendo de que forma pode melhorar isso.