Em empreendimentos inteligentes de grande porte, é comum que o foco esteja em apenas um tipo de público e com ênfase na tecnologia.
Entretanto, a busca pelo bem-estar do dia a dia vai além. Quando falamos de cidade inteligente inclusiva e de qualidade de vida, nós pensamos em todas as classes sociais.

“Criar comunidades inteligentes significa cuidar de todas as faixas de renda. Falar em qualidade de vida é pensar a cidade para todas as pessoas”, explica Susanna Marchionni, CEO da multinacional Planet Smart City no Brasil.
A Smart City Laguna, no Ceará, foi a primeira cidade inteligente inclusiva do mundo. Sem muros e com forte caráter social, o local oferece serviços, lazer e cultura para moradores e não moradores.
A iniciativa foi baseada em soluções tecnológicas eficientes, cuidados com o meio ambiente e planejamento urbano com conceito aberto, oferecendo a vivência smart para quem quiser.
“Quando você começa a abrir o projeto para todos, você ganha segurança e isso é qualidade de vida”, defende Susanna.
O projeto piloto deu tão certo em solo brasileiro que hoje a empresa italiana já conta com outros três empreendimentos no país: Natal, no Rio Grande do Norte, Aquiraz, no Ceará, e o complexo Viva! Smart City, em São Paulo.
Edificações do futuro produzem quase toda energia que precisam 4e2657
As altas tarifas de energia elétrica e a preocupação com as consequências ambientais no planeta também garantem a disseminação de tecnologia.
Edificações do futuro são aquelas que produzem tudo – ou quase tudo – que utilizam energia. Em projetos de energia quase zero, a construção gera praticamente tudo que consome.
Já com a energia positiva, o prédio ou a casa produz mais do que utiliza, e o que sobra é entregue à rede da central elétrica operante.
“Isso é dizer para o mundo que não queremos mais o modelo atual de consumo e de construções”, justifica Veridiana Scalco, especialista em arquitetura bioclimática.
Contando com um planejamento otimizado, os imóveis serão projetados buscando mais eficiência.
“Temos que considerar o clima durante toda a construção. Fazemos a parte energética, que agrega placas fotovoltaicas, e também desenvolvemos a simulação integrada para analisar tudo e saber se realmente está com energia zero ou positiva”, descreve Veridiana.
Atualmente, proprietários com mais de um imóvel registrado no mesmo F ou CNPJ podem utilizar uma edificação geradora para abastecer outras construções, quando falamos de energia positiva.
“Se eu tenho uma casa de praia e um apartamento, eu posso gerar energia na casa de praia e consumir no apartamento”, explica Clarissa Zomer, arquiteta especialista em energia fotovoltaica.
Conceito de “cura urbana” promove intervenções para o bem de lugares e pessoas 5b16i
São notórios os impactos negativos da ação humana no solo, oceanos, mananciais, florestas e no ar. A partir de agora, o momento é para buscar inovações que melhorem os espaços urbanos e a vida na cidade, mesmo que em ações pontuais.
A tendência urban healing, em português cura urbana, busca promover intervenções benéficas para o meio ambiente e para as comunidades locais.
“Esperamos ver a utilização de materiais mais sustentáveis e projetos conscientes do seu impacto no planeta, mas que gerem comunidades próximas, que crescem e se desenvolvem pensando nisso juntas”, afirma a pesquisadora de futuros e analista de tendências, Livia Fioretti.
O primeiro playground biotecnológico do mundo, pensado com essa proposta, purifica o ar de uma das cidades mais poluídas da Europa, Varsóvia, na Polônia.
O AirBubble é uma estrutura inédita com microalgas que filtram as impurezas do ar.
Além de contar com sensores que medem índices de poluição em tempo real, possui bombas d’água posicionadas no chão para as crianças brincarem e interagirem com o ambiente.
Irrigação conectada à previsão do tempo evita desperdício 1g4f47
A democratização da tecnologia é o futuro para o consumo consciente de recursos e a integração entre membros de uma comunidade.
Conforme Susanna, um aplicativo gratuito é o contato direto entre moradores e prestadores de serviços e também funciona como um compacto de monitoramento da cidade.
Lá, é possível analisar dados de sensores que supervisionam o quanto é gasto em luz e água.
Quando conectados ao nowcasting, um parecer da previsão do tempo, aparelhos de irrigação avaliam se é necessário molhar os gramados ou se irá chover em algumas horas.
“A gente testou, em seis meses o gasto de água na irrigação foi 60% menor. Imagina o impacto disso tudo”, expressa a gestora da cidade inteligente.
A iniciativa indica que, em alguns anos, a tecnologia como meio para sustentabilidade e qualidade de vida será disseminada para todos os públicos e deixará de ser um privilégio.