Animais de estimação são grandes companheiros e am a fazer parte da família. Em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, a da médica veterinária Isadora Massa conta com um integrante um tanto quanto curioso, nada convencional e interessante. Ela tem como pet uma coruja da espécie Suindara (Tyto furcata). A ave é um macho e foi batizado como Milton.

A coloração das penas branca misturada com tons de marrom, sua postura elegante e o som que emite chamam a atenção. “Eu tenho ele há uns três anos. Revolvi ter por ser uma ave que gosto muito e como trabalho diretamente com isso aprendi a irar as aves”, conta Isadora, que é especializada em animais silvestres e pets não convencionais.
Mas você sabe como é a rotina de cuidados com esses animais? A médica veterinária explica que ela envolve basicamente limpeza, alimentação diária, troca da água e pesagem semanal. “Uma vez por semana pego ele para certificar se está tudo bem e como está a condição corporal”, cita.
Milton fica em um viveiro construído especialmente para ele, com uma parte mais escura, por ser um animal noturno e não ser muito adepto à luz, e outra com aquecimento.
“Ele não pode ficar diretamente no frio no inverno e precisa ter local adequado para alimentação, um ponto de extrema importância. Na natureza, no caso dessa espécie, se alimenta de pequenos animais, geralmente mamíferos, ou seja, precisa de presas inteiras e não só de carne”, esclarece.
Segundo Isadora, erros com a alimentação causam enormes problemas de saúde à coruja. No caso de Milton, a alimentação é intercalada, dividida entre carne, com suplementação calculada para o peso dele, e rato ou codorna abatidos.
“Outro problema é as pessoas acharem que pode dar qualquer bicho morto encontrado para a coruja comer. A alimentação tem que ser feita com ratos e codornas com procedência conhecida para garantir que sejam alimentos saudáveis”, acrescenta.
A espécie da coruja de Isadora também é conhecida como coruja da torre, coruja de igreja, coruja de celeiro ou rasga mortalha. Elas vivem próximo de 20 anos e podem pesar entre 300 e 500 gramas. Normalmente, os machos são mais brancos no rosto e no peito e as fêmeas mais pintadas.
A coruja é um animal que precisa de muitos cuidados, principalmente com relação a alimentação e ao peso. – Vídeo: Isadora Massa/Divulgação/ND
Mitos 146g73
A coruja é um animal rodeado de mitos. Há quem acredite que elas trazem azar e que o seu canto anuncia a morte. Já outras pessoas apostam na sorte e na proteção. A médica veterinária enfatiza que animais – não apenas corujas, cobras, gatos pretos e outros que sofrem preconceitos por mitos – não são capazes de carregar coisas ruins.
“Eles não têm nada a ver com as crenças que os envolvem. Inclusive, um dos nomes pela qual as suindaras são conhecidas é o de rasga mortalha porque o som que elas emitem é muito parecido com o som de uma mortalha rasgando”, observa.
Sons curiosos 5l1g29
O som que a coruja emite é peculiar e chama muito a atenção. Isadora explica que todas as vocalizações tem algum motivo. Eles significam comunicação, aviso ou defesa. As corujas emitem sons diferentes.
“Cabe, então, o estudo de comportamento para poder interpretar. É preciso também observar o posicionamento corporal enquanto as corujas emitem o som. Tudo isso sempre diz alguma coisa. Seja um ‘sai de perto de mim’ ou ‘estou vendo alguém no meu território’ ou até mesmo ‘interessante isso… gostei’. Na verdade, é igual interpretar um cachorro ou um gato. Só que com padrões diferentes”, especifica a médica veterinária.

Combate ao tráfico de animais 3e3h36
Isadora acrescenta que a coruja é uma ave encantadora e muito interessante. Ela orienta aos interessados em adquirir a ave – assim como qualquer pet diferente – a fazer isso de maneira legalizada. O correto é pesquisador criadores que trabalham dentro da lei. “Só assim conseguiremos combater o tráfico”.
A médica veterinária também destaca que é imprescindível estudar antes de comprar um animal desses. De acordo com ela, aprender a arte da falcoaria é importante para que a ave não sofra problemas de saúde devido a um tutor que não sabe o bicho que tem.
“Ou pelo menos estudar o básico sobre elas para poder fornecer o que o animal precisa. Outro detalhe importante é saber a responsabilidade que se tem quando adquire uma ave dessas. Não adianta comprar e depois reclamar que a carne e o suplemento são caros. No fim, quem paga é o bicho que fica doente”, afirma.
Apesar disso, a médica veterinária reforça que são animais muito interessantes e muito curiosos. “Não são tão chegados ao toque, mas são bem tranquilos de manejar quando são acostumados. É um pet que exige bastante atenção do tutor. Tem que estar sempre prestando atenção nele e avaliando peso porque ele não pode ficar obeso. Precisa de cuidados e carinho como qualquer outro animal de estimação”, finaliza.