As seguidas aparições de serpentes em áreas urbanas de Santa Catarina vêm chamando a atenção da população e acendendo o alerta quanto a possível periculosidade de cada espécie. No entanto, existem motivos para que esses incidentes venham acontecendo.

Na quinta-feira (4), uma caninana, serpente da espécie Spilotes pullatus, foi flagrada em cima de um telhado no Morro das Antenas, em Jaraguá do Sul.
No mesmo dia, na cidade de Vitor Meireles, uma cobra foi achada dentro de uma bacia na cozinha da unidade escolar na região da Serra da Abelha I.
Dias antes, também em Jaraguá do Sul, uma mulher foi surpreendida por uma serpente dentro de um cesto de roupas sujas.
Segundo o herpetólogo, doutor em zoologia, Tobias Saraiva Kunz, a elevação da temperatura, construções próximas à região de mata e destruição do habitat natural são alguns dos fatores para a aparição frequente da espécie.
As serpentes procuram ocupar ambientes urbanos por dois motivos principais: para refúgio e em busca de alimentos.
“Tem relação com a elevação de temperatura, uma vez que são animais em que o metabolismo é diretamente influenciado pela temperatura do ambiente”, explica Kunz.
“Além disso, muitas cidades, como Jaraguá do Sul, estão circundadas por áreas florestais. Esse aparente aumento no número de serpentes é ou sazonal, nos meses mais quentes, ou está associado a expansão de áreas urbanas sobre áreas antes florestadas. Porém, vale ressaltar que as populações de serpentes não estão aumentando, muito pelo contrário”, completa.
Quais são venenosas? 6q3v3j
No Brasil há cerca de 400 espécies de serpentes. Dessa lista, as peçonhentas pertencem a quatro grupos: o das jararacas, das corais, das cascavéis e a surucucu-pico-de-jaca – única do gênero.
Apenas em Jaraguá do Sul, mais de 250 serpentes foram capturadas em meio urbano em 2021.

“As espécies mais frequentes mudam de região pra região. Na região litorânea, aparecem mais frequentemente a jararaca (Bothrops jararaca), a coral verdadeira (Micrurus corallinus), essas duas peçonhentas, e cobras como a caninana (Spilotes pullatus) e a dormideira (Dipsas neuwiedi), que são inofensivas”, explica o herpetólogo.
O que fazer caso encontrar uma serpente? 6s6829
Segundo Kunz, caso você encontre uma espécie em área urbana, deve entrar em contato imediamente com o Corpo de Bombeiros Militar ou com a Polícia Militar Ambiental.
Ambas têm condições de fazer a remoção correta da espécie levá-la para o habitat natural.
Fui picado, e agora? 5p1g68
A bióloga Taciana Mara da Silva Seemann, do CIATox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina) explica que, independente do animal peçonhento, a orientação é a mesma: lavar o local da picada apenas com água e sabão e se dirigir ao hospital mais próximo.
Nada de fazer torniquetes, cortes no local, usar medicamentos ou substâncias caseiras ou, ainda, tentar sugar o veneno, pois há risco de infecção.
Ela complementa que, se possível, capturar o animal. Se houver dificuldade, uma boa fotografia já basta. “A foto auxilia no diagnóstico e agiliza a identificação do agente causador da picada”.
Veja o que fazer o que NÃO fazer, segundo o CIATox/SC: 255t6d
O que fazer 29671m
- Identifique o animal acima e ligue para o CIATox/SC;
- Guarde o animal (mesmo que estiver morto) para fins de identificação;
- Siga as instruções do plantonista do CIATox/SC, pois para cada situação serão aconselhadas as medidas ou encaminhamentos que você deverá tomar;
- Lavar o local da picada somente com água e sabão;
- Manter o acidentado em repouso. Se a picada tiver ocorrido no pé ou na perna, procurar manter a parte atingida em posição horizontal, evitando que o acidentado ande ou corra;
- Dar água para a vítima beber, desde que seja consciente;
- Levar o acidentado o mais rapidamente possível a um serviço de saúde;
- Se possível, levar o animal consigo no momento do atendimento para identificação.
O que não fazer 2z6j4g
- Não amarrar o membro acometido. Não fazer torniquete ou garrote, pois isso dificulta a circulação do sangue podendo produzir necrose ou gangrena e não impede o veneno de ser absorvido;
- Não cortar o local da picada. Alguns venenos podem inclusive provocar hemorragias e o corte aumentará a perda de sangue;
- Não chupar o local da picada, pois não se consegue retirar o veneno de organismo após inoculação. A sucção pode piorar as condições do local atingido;
- Não colocar substâncias no local da picada, como folhas, querosene, pó de café, pois elas não impedem que o veneno seja absorvido, pelo contrário, podem provocar infecção;
- Não dar para o acidentado beber querosene, álcool ou outras bebidas, pois estas além de não neutralizarem a ação do veneno, podem causar intoxicações.