CONTEÚDO ESPECIAL, BRANDED STUDIO ND, Florianópolis - 14 de maio de 2024

O potencial da goiaba serrana: a fruta do futuro com propriedades alimentares e medicinais 155e16

A goiaba serrana, fruta catarinense, conta com propriedades anti-inflamatórias, além de servir como ingrediente em receitas doces e salgadas sg5m

goiaba serranaA goiaba serrana, também conhecida como feijoa, apresenta propriedades anti-inflamatórias e se destaca na gastronomia – Foto: Divulgação

A goiaba serrana, também conhecida como feijoa, tem características únicas e grande potencial econômico através da comercialização de produtos de alto valor agregado e do fortalecimento da cultura familiar. A goiabeira serrana está adaptada a regiões de altitude elevada, floresce com exuberância e integra a força do agronegócio catarinense.

Entre os campos de áreas abertas e florestas de araucárias, uma joia nativa se esconde. Alguns a atribuem como o alimento do futuro, um fruto típico das regiões mais frias do Sul do Brasil. É no Planalto Serrano Catarinense que a goiaba serrana encontrou um lugar ideal para se desenvolver – graças à temperatura mais amena e à elevada altitude.

A fruta, que além de ser conhecida como feijoa, também é chamada de goiaba do campo ou goiaba do mato, está ganhando espaço em São Joaquim, principalmente porque é adaptada para regiões com mais de 800 metros de altitude.

A parte externa da goiaba serrana é semelhante a uma goiaba simples, mas o sabor é completamente diferente. Ao invés de vermelha, a polpa é branca e esconde em seu interior uma explosão de sabores azedinhos e agridoces.

Além disso, a goiaba serrana tem duas características distintas: sua fecundação ocorre, principalmente, por meio da polinização cruzada realizada por pássaros. Isso acontece após o inverno, quando as aves são atraídas pelas pétalas doces e carnudas das flores da goiabeira, que servem como fonte de alimento durante a escassez de recursos. O fruto não muda de cor quando está maduro – a casca segue verde e a fruta é dispensada pelo próprio pé no momento certo.

goiaba serranaNo Planalto Serrano Catarinense, a goiaba serrana encontra um ambiente ideal para seu desenvolvimento – Foto: Divulgação

Depois de colhida, a fruta é separada e, no mesmo dia, precisa chegar aos locais de venda.  Ela só a dois dias de prateleira a uma temperatura de 20º e, no refrigerador a 4º, ela se conserva por no máximo 20 dias.

Na Epagri de São Joaquim há um banco com mais de 300 amostras diferentes de goiaba serrana catalogadas. Seu cultivo comercial só foi possível a partir da domesticação da espécie.

“- Apesar da goiaba serrana ser uma fruta nativa do Brasil, nós não somos os maiores produtores. Os maiores hoje são a Nova Zelândia e a Colômbia. Com mais material, mais produtores, com certeza temos potencial para, daqui a pouco, exportar e não só fazer comercialização a nível regional, como fazemos hoje” – explica Leonardo Araújo, pesquisador da Epagri.

A fruta do futuro 2g156w

A goiaba serrana apresenta um vasto potencial na gastronomia. Seu sabor único e refrescante a tornam opção ideal para a produção de sorvetes, geleias e sucos. Essa versatilidade e valor agregado fazem da fruta uma fonte promissora de oportunidades e de desenvolvimento sustentável, por isso é conhecida como a “fruta do futuro”.

goiaba serranaA fruta do futuro: a goiaba serrana é fonte de oportunidades na indústria de alimentos e cosméticos – Foto: Divulgação

Um livro de receitas de 1950 já dizia que a goiaba serrana é uma fruteira de alto valor para a indústria de doces – um prenúncio que agora começa a se confirmar na mão de habilidosos confeiteiros. Uma chocolateria localizada em São Joaquim, por exemplo, além de fazer bombons, também usa a fruta para produzir compotas e geleias.

E em Tubarão, uma fábrica de sorvetes já está criando um sabor com a fruta. Ele está na fase final de testes e deve chegar ao mercado em breve. Assim, a goiaba serrana vai levando seu nome para centros maiores, conectando campo e cidade.

Exemplo disso é uma loja em Balneário Camboriú que também vende cosméticos feitos com a fruta do futuro. Eles são feitos a partir do extrato das folhas da goiaba serrana, que tem princípios ativos ricos – ela é um ótimo antioxidante para o cabelo, tem vitaminas C e E, além de ser um fruto completo para proteger e nutrir tanto os cabelos, quanto a pele.

Na culinária, a fruta tem se mostrado versátil para diversas receitas. Além de doces, combina muito bem com salgados, criando um verdadeiro contraste de sabores. Em um restaurante de Lajes, por exemplo, um chef inovou criando uma entrada com mix de folhas, burrata, presunto ibérico, crostini e molho de goiaba serrana.

Para Roberto Komatsu, Doutor em Agronomia e professor no Instituto Federal de Santa Catarina de Lages, a fruta deverá ganhar notoriedade à medida que as pesquisas avançarem. Ele já desenvolveu uma farinha feita com a casca da goiaba serrana para ser usada na panificação, mas ainda falta descobrir qual o cultivar ideal para garantir o sabor mais agradável ao paladar.

Do campo para a caixinha de remédios 2p2m5l

goiaba serranaConexão entre campo e cidade: a goiaba serrana promove o desenvolvimento local e sustentável em Santa Catarina – Foto: Divulgação

Em termos medicinais, a goiaba serrana é rica em vitamina C e antioxidantes. Em uma escola pública de Água Doce, no Meio-oeste catarinense, estudantes e professores encontraram na fruta a inspiração para um projeto de pesquisa e desenvolvimento de uma pomada anti-inflamatória – um trabalho que ultraou a fronteira do país.

A cidade de Água Doce tem pouco mais de 6 mil habitantes e foi nela que estudantes e professores encontraram na goiaba serrana a inspiração para um projeto de pesquisa: desenvolver uma pomada anti-inflamatória.

Ciência que nasceu em uma escola pública, em benefício da saúde. A partir do embasamento teórico, os estudantes se aprofundaram nas propriedades medicinais que a espécie apresenta – como o poder anti-inflamatório da fruta.

“- Usando a goiabeira serrana, inclusive com as folhas dela, a gente buscava criar uma solução, uma alternativa para aqueles medicamentos sintéticos, aquelas pomadas que são usadas para tratar lesões cutâneas. Só que elas têm muitos componentes que fazem até mal para o meio ambiente, então a gente queria uma questão mais sustentável e natural também, abordando essa planta” – explica a estudante Eloise de Lima.

goiaba serranaDa pesquisa à prática: estudantes desenvolvem pomada anti-inflamatória à base de goiaba serrana em escola pública – Foto: Divulgação

Só que para produzir ciência numa escola pública no interior do estado eram necessários insumos e equipamentos que muitas vezes só existem em universidades. Foi aí que a cooperação veio para superar essa barreira.

Seu Vercedino de Freitas, produtor que cultiva goiaba serrana desde 2006, entrou nessa história para suprir uma das necessidades básicas dos estudantes durante os experimentos: a matéria-prima.

Além de frutos, os alunos levaram galhos da árvore de goiabeira serrana. De volta à escola, ainda faltavam equipamentos para processar o fruto e transformar as folhas em uma espécie de farinha.

A professora Janete Rodrigues conta que as barreiras eram grandes porque os laboratórios do estado não são como os laboratórios de institutos e universidades federais, mas por meio de parcerias com a Unoesc, IFSC, UFC, foi possível dar conta de todo o resultado.

O Instituto Federal de Santa Catarina de Lages, por exemplo, forneceu uma farinha feita a partir da folha da goiabeira serrana e ainda ensinou aos estudantes como o processo era feito. Depois de muito estudo e análises, Eloise desenvolveu uma pomada cicatrizante sustentável e natural, que tem como compostos principais a tintura obtida das folhas da goiabeira serrana, além de óleo de coco, óleo de amêndoas cera de abelha residual da apicultura e goma xantana.

As descobertas da estudante foram apresentadas em eventos de ciência e tecnologia. Em um deles, Eloise foi uma das 12 selecionadas entre mais de mil projetos de pesquisa, para representar o Brasil na maior feira pré-universitária de Ciência e Engenharia no mundo que ocorre em maio, em Los Angeles.

Um segundo produto para a área da saúde também ganhou destaque na escola: é uma membrana curativa, que também tem como princípio ativo a goiaba serrana.

À espera de que o mundo conheça os potenciais medicinais da fruta, as pesquisas estão conectadas com a realidade onde a escola está inserida. Buscando divulgar as possibilidades para promover o desenvolvimento sustentável, voltadas para a realidade dos pequenos proprietários rurais da região.

Para saber mais sobre a feijoa, confira o episódio completo do programa Agro, Saúde e Cooperação, um projeto desenvolvido pelo Grupo ND, em parceria com a Ocesc, Aurora, SindArroz Santa Catarina, Sicoob e Fecoagro.

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